É mesmo assim: a democracia concretiza-se todos os dias (que digo eu?! Vai-se concretizando…) mas tem a sua expressão máxima quando se realizam actos eleitorais. 2021 é um ano em que estão agendados 2. As presidenciais já passaram e , no que à Madeira diz respeito temos apenas que retirar o desempenho de André Ventura. Podemos estar perante um fenómeno similar ao de José Manuel Coelho no ato de 2011, como alguns alegam. Não estou porém convicto disso. Ventura não é da Madeira, tem um forte pendor centralista, e nem sequer veio à Região fazer campanha. Mas tem conseguido ir ao encontro dos anseios mais secretos de uma fatia significativa dos portugueses, incluindo os da Madeira, ainda que eu tenha a convicção que o jovem professor de direito não acredite na maioria das propostas, principalmente a mais radicais, que lhe servem de bandeira. As recentes sondagens realizadas para a Câmara do Funchal vêm confirmar isso mesmo. Mesmo sendo o putativo candidato um perfeito desconhecido, o CHEGA é apontado como terceira força política na capital Madeirense a partir de Setembro. Esperemos que sem conseguir eleger um vereador, qualquer que seja o anónimo que vá a reboque de Ventura nas próximas eleições. E digo isto, não por considerar que este partido tem menos direito de eleger e ser eleito que todos os outros. Mas sim porque tenho fundada esperança que a Coligação PSD/CDS apresentará uma proposta política-programática para o Funchal que possibilite a recuperação da nossa Cidade para os exigentes standards de sofisticação, cosmopolitismo, tradição, bem-estar e solidariedade que em tempos foram a sua imagem de marca.
Espírito de Missão
Isto leva-nos ao front runner desses estudos de opinião, Pedro Calado, atual vice-presidente do Governo Regional e antigo vice do Funchal, precisamente na altura em que a nossa capital era vista como um exemplo de luz e modernidade. Nunca esquecendo a máxima que as sondagens “valem o que valem”, e que todos os candidatos e forças políticas chegam ao dia do sufrágio com o mesmo número de votos, ou seja 0 (zero), Calado aparece destacado enquanto preferência dos Funchalenses fazendo ativar as glândulas salivares dos militantes social-democratas, ávidos de resgate da maior autarquia insular. Calado tem o dom de gozar de algo que, em contraponto, é a grande pecha deste executivo autárquico, desde que ficou órfão de Paulo Cafôfo: notoriedade pública. “Toda a gente” conhece Pedro Calado. Todos têm consciência das suas virtudes, políticas e pessoais, assim como cada qual infere à sua maneira aqueles que consideram ser os seus defeitos. Ou seja, a população do Funchal têm uma ideia amadurecida e consolidada de Pedro Calado. Uns não gostam, outros (pelos vistos a grande maioria) gostam. Daí que estejam a sair goradas, fracassadas mesmo, todo o tipo de insinuações, campanhas negras e outros ataques que a oposição e, assumamos, uma franja da classe opinativa e jornalística, tem ensaiado. Quer isto dizer que se o candidato da coligação de centro-direita for o número 2 de Albuquerque a eleição está ganha? Muito longe disso. Há imenso trabalho pela frente. Mas as perspetivas são boas. Resta saber se Calado estará disposto a abdicar das enormes responsabilidades que tem no Governo, onde já se apresenta como o sucessor óbvio de Miguel Albuquerque, para uma batalha onde os possíveis proveitos de uma vitória serão sempre muitos menores que os prejuízos em caso de derrota. Só mesmo com muito espírito de Missão é que pode aceitar aquilo que o partido, e pelos vistos os funchalenses, lhe estão a exigir.
O Paradigma da Notoriedade
Referi acima a questão da notoriedade. Pode parecer irrelevante, coisa de marketing. Mas não é. A Vereação de esquerda, e extrema esquerda, do Funchal sofre de um enorme défice de reconhecimento público. De forma inusual, boa parte dos Funchalenses desconhece por absoluto alguns dos vereadores, e tem até dificuldade em apontar quem é o presidente da Câmara. Se isto é tudo na política? Não é, claro. Mas é o sinal definitivo de uma ação autárquica cinzenta, envergonhada, incaracterística, sem um rasgo, a quem nem as mais onerosas agências de comunicação, ou o “colinho” da RTP, conseguem dar brilho. Uma mescla de política de miséria com miséria de política que tornou a nossa cidade num local menos confortável, menos aprazível, moroso burocraticamente e um pesadelo para os investidores. Quantos milhões de euros de investimento e quantos postos de trabalho não conseguiu a cidade captar fruto de uma ação laxista, por vezes, conflituosa, muitas outras, talvez até persecutória, mas sempre francamente incompetente?
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