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Um quarto das empresas planeia aumentar frotas em três anos

25% das empresas nacionais planeiam aumentar a sua frotas no espaço de três anos. O carro elétrico está a ganhar cada vez mais peso, com as empresas preocupadas com o ambiente e os custos.
26 Fevereiro 2023, 16h00

O carro elétrico está a ganhar cada vez mais peso no mercado nacional. As vendas de carros 100% elétricos em Portugal subiram 34% em 2022 face a período homólogo para mais de 17.800 unidades, segundo os dados da ACAP.

As preocupações com os custos com combustíveis e com o ambiente estão entre as principais razões de quem procura os carros elétricos, a par de benefícios fiscais. Mas este aumento da procura por veículos elétricos (VE) está a sentir-se também no mercado nacional de frotas?

“Nos últimos anos, assistimos a um aumento exponencial do número de carros elétricos, híbridos e híbridos plug-in. Assistimos também a uma mudança de paradigma, no sentido em que existe uma maior consciencialização ambiental por parte dos consumidores, contribuindo para um crescimento na aposta de veículos elétricos”; começa por dizer João Soromenho, da Arval.

“Os incentivos fiscais e baixos custos de operação são outras razões que estão a contribuir para o incremento desta realidade. É importante realçar que a oferta de modelos também cresceu e diversificou-se, passando as marcas a disponibilizar mais opções em quase todos os segmentos. Isto teve sobretudo algum impacto com o surgimento de viaturas PHEV abaixo dos 27.500 euros (valor sem IVA), modelos que beneficiam de uma taxa reduzida de Tributação Autónoma de apenas 2,5%, quando comparados com as viaturas a gasóleo, que têm uma taxa de 10%. Além disso, as viaturas elétricas abaixo de 62.500 euros estão isentas de tributação autónoma, pelo que os benefícios fiscais são geralmente apontados como uma das principais razões para as empresas decidirem optar cada vez mais por este tipo de veículos para a sua frota. Pela parte da Arval, o nosso papel é trabalhar juntamente com cada cliente para aferir qual a viatura que mais se adapta às necessidades de cada empresa ou condutor, tendo sempre em conta a utilização efetiva que esta vai ter. O nosso objetivo é continuar a realizar um caminho para contribuir para uma verdadeira transição energética. Queremos, até 2025, ter 700 mil veículos eletrificados sob gestão global e diminuir em 35% as emissões de CO2 da frota gerida”, diz o diretor comercial da Arval.

Por sua vez, a Webfleet destaca que o número de carros elétricos está a “crescer nas suas frotas” com um “crescimento significativo” no último ano. “Entre março e julho, assistimos a um aumento de 300% no número de clientes” que identificaram veículos nas suas frotas que podem ser substituídos por um modelo elétrico, com base no seu uso diário.

“O custo total dos proprietários (TCO, total cost of owners) ainda é uma das razões principais para os gestores de frotas adotarem carros elétricos, mas outros fatores de mercado como a redução das emissões de CO2 também estão a influenciar. Estes são fatores que os gestores devem ter em conta quando eletrificam a sua frota”, segundo fonte oficial da empresa que destaca que um relatório recente demonstrou que “tanto os custos com combustíveis como as emissões de CO2” são duas das forças motrizes na origem do desejo de mudança para um VE.

Com a inflação em alta este ano, como é que as empresas encaram 2023?
“Qualquer negócio que dependa de viaturas para funcionar está a ser afetado, e o renting não é exceção. A incerteza económica, a pressão inflacionária e o aumento das taxas de juros, são fatores que podem fazer adiar algumas decisões. No entanto, temos verificado que o renting é o produto que mais soluções tem encontrado no sentido de colmatar os impactos adversos destas situações”, destaca João Soromenho.

“Apesar de tudo isto, assistimos a uma forte resiliência nas frotas neste período. Segundo o estudo Arval Mobility Observatory, 96% dos decisores de empresas portuguesas antecipam que a sua frota automóvel se manterá estável (71%) e até poderá aumentar (25%) nos próximos 3 anos, e é interessante constatar que as PMEs estão a usar mais o renting como financiamento das suas frotas do que no período pré-covid”, de acordo com o gestor.

Para este ano, a Webfleet, por sua vez, espera que o mercado de automóveis novos seja “impactado pela recessão atual. Contudo, o segmento de VE deverá ser menos impactado, mesmo que o crescimento na indústria automóvel abrande. A nossa expetativa é que a quota de VEaumente ainda”.

“Todas as crises económicas e/ou recessões conduzem a mais eficiência e com a inflação existem ainda mais razões para mudar para um carro elétrico. Enquanto o custo da energia disparou significativamente no ano passado, o TCOdos VE ainda é mais favorável. A juntar a isto, mudar para carros elétricos ajuda os gestores de frotas a reduzir a sua pegada, cumprindo metas sustentáveis”.

Outro dos problemas que afeta o sector automóvel é a falta de componentes. E como é que isto está a afetar o sector da gestão de frotas?
“A falta de componentes é uma realidade que afeta a indústria automóvel no seu todo. Afeta a produção de viaturas novas, o que implica prazos de entrega mais dilatados por parte de quase todas as marcas automóveis, sendo que atualmente o prazo médio das entregas situa-se em seis meses e em muitos casos o preço contratado não é garantia de preço final.
Adicionalmente, a reparação e substituição de peças, quando resultantes de avarias ou sinistros, está igualmente afetada pela falta de componentes, pelo que muitas vezes as viaturas ficam bastante tempo nas oficinas à espera de reparação. Acreditamos que o futuro da produção destes materiais vai depender dos esforços que se estão a arquitetar para resolver a situação – como o Chips Acts, proposto pela Comissão Europeia. Espera-se uma ligeira melhoria com o progressivo regresso à normalidade, mas as verdadeiras alterações neste âmbito, decorrentes do investimento no aumento da produção de semicondutores, terão efeitos sobretudo a médio-longo prazo”, de acordo com o responsável da Arval.

Por seu turno, a Webfleet sublinha que a “escassez de certos componentes durante 2021 e 2022 provocaram um desafio à cadeia de abastecimento global com um impacto na maioria dos sectores na indústria automóvel, incluindo o de gestão de frotas. Tudo junto, vemos que estas dificuldades na indústria automóvel estão a recuar, com os produtores de automóveis a serem capazes de aumentar novamente a sua produção”, de acordo com fonte oficial da empresa.

Um estudo divulgado recentemente revelou que os portugueses estão cada vez mais atentos às questões ambientais, mas 65% diz que comprar um carro híbrido ou elétrico não é uma opção devido ao preço elevado, segundo o estudo da Liberty Mutual/Kantar/Red C. Três em cada 10 portugueses estão a pensar comprar um carro este ano.

“O envelhecimento da frota de veículos em Portugal e o impulso regulamentar no sentido de uma mobilidade mais sustentável irá gerar uma mudança necessária nos veículos em circulação. O interesse em veículos elétricos e híbridos continuará a crescer, apesar de a incerteza económica e a inflação ainda condicionarem a decisão de compra este ano. Por isso, para além da compra do automóvel, é importante selecionar as coberturas específicas que estes veículos necessitam, tais como a recarga de emergência ou os danos causados em/ou por instalações de recarga”, afirmou em comunicado José Luis García Camiñas da Liberty Seguros.

Entre os 500 inquiridos, 23% estão indecisos em comprar um carro novo ou em segunda mão. Entre quem está decidido, 16% optam por um novo, e 13% em segunda mão. Já 30% revelam que querem comprar um carro novo porque desejam uma viatura mais barata em termos de combustível e/ou manutenção. Outros 28% apontam que o carro atual é antigo ou que pretendem um carro mais sustentável.

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