A revista “The Economist” publicou, há poucos dias, um artigo com um título assustador: “The next crisis – What would happen if financial markets crashed?”. A resposta à pergunta não surge nada animadora, em particular face à instabilidade provocada pela crise ucraniana, a cereja no topo do bolo de uma situação periclitante a nível global.

Se grandes perdas se concretizarem, considera a “The Economist”, “a questão importante, para os investidores, para os banqueiros centrais e para a economia mundial, é se o sistema financeiro irá absorvê-las com segurança ou amplificá-las. A resposta não é óbvia, pois esse sistema foi transformado ao longo dos últimos 15 anos pelas forças gémeas da regulação e da inovação tecnológica”.

Para já, existem sinais que comprovam uma alteração significativa no comportamento dos mercados.

A notícia de que os Investidores Institucionais Estrangeiros (FII, em inglês) têm estado numa onda de vendas na maioria dos mercados emergentes, com por exemplo 11 mil milhões de dólares em ações vendidas desde outubro de 2021 apenas na Índia, é segundo alguns analistas fruto do nervosismo face às eventuais alterações de política por parte dos bancos centrais globais, especialmente da Reserva Federal dos EUA.

Para mais, a fraqueza observada nos mercados asiáticos e a escalada de tensão que se seguiu ao longo desta semana, tão agitada pelas notícias sobre um eventual conflito militar na Ucrânia, levaram os investidores a adotar uma abordagem cautelosa, enquanto o preço do barril de Brent subia para os valores mais altos desde há sete anos.

Para muitos, terá eventualmente passado desapercebido um acontecimento marcado na agenda e que poderá ser determinante para o futuro da economia mundial. Com efeito, termina hoje em Jacarta a reunião entre os ministros das Finanças e os governadores dos bancos centrais dos países do G20.

Entre os tópicos que foram revelados sobre o programa da reunião, serão discutidas as medidas a tomar perante a inflação, a normalização de políticas regulatórias e o investimento na digitalização, para ajudar os membros do G20 a recuperarem a sua economia da situação pandémica. Que é como quem diz também (e aqui já abordei nesta minha coluna), o tema da moeda digital dos bancos centrais.

Obviamente, nessa reunião, estará também em cima da mesa o desenvolvimento e a estabilidade do mercado financeiro global e a questão das taxas de juro. Ninguém parece estar com muita vontade de convencer-se disso, mas a era do dinheiro quase de graça parece mesmo estar a chegar ao fim, à medida em que os bancos centrais vão aumentando os juros e se prevê que até o Banco Central Europeu venha a subir as suas taxas por duas vezes, só neste ano.

A resposta à pergunta da “The Economist” no início deste artigo passará, assim, muito pelo que for decidido esta sexta-feira na Indonésia.

 

 

Foi divulgado pelo “Jornal Económico” que o jornalista da CNN, Fareed Zakaria, marcará presença na QSP Summit, agendada para a Exponor entre 28 e 30 junho. Será uma oportunidade a não perder para ouvir, no Porto, aquele que foi considerado um dos dez pensadores da década pela “Foreign Policy”, discorrendo sobre o desenvolvimento sustentável e o mundo pós-pandemia.