[weglot_switcher]

“Uma Viagem Sentimental” pela pena de um clérigo

Nos séculos XVII e XVIII, na Europa, institui-se um género de viagem que viria a ser conhecido como o Grand Tour, termo usado pela primeira vez por Richard Lassels, no seu livro de 1670, “Voyage to Italy”.
8 Dezembro 2017, 11h40

Nessa época, tornou-se uma moda entre os jovens aristocratas (e também alguns da alta burguesia) da Grã-Bretanha, Alemanha, Escandinávia e alguns norte-americanos fazerem uma longa viagem – que podia durar meses ou mesmo anos – pela Europa para visitarem Paris, Veneza, Florença e Roma, com o objetivo de completarem a sua educação clássica.

Viagens para aprofundar os conhecimentos em história de arte, simultaneamente alicerçando a literatura clássica em grego e latim que haviam estudado e alargando os horizontes, nomeadamente no que respeitava à geografia e à cultura. Numa época em que, nos seus países de origem, praticamente só era possível ver obras de arte em coleções particulares, – uma viagem a Itália permitia o confronto com as obras-primas da Antiguidade e do Renascimento, para além dos mais importantes marcos arquitetónicos.

Naturalmente, os custos de uma viagem destas faziam com que só estivesse acessível às classes mais privilegiadas. Ainda assim, com o desenvolvimento dos transportes e o crescimento de uma classe média mais ilustrada, a prática viria a alargar-se, em particular no século XIX. Eram, sobretudo, os homens a empreender estes périplos, na companhia de um tutor. Mas houve também algumas mulheres, inevitavelmente acompanhadas por uma chaperon que era, muitas vezes, uma familiar mais velha.

O livro “Uma Viagem Sentimental por França e Itália pelo Sr. Yorick” foi escrito por Laurence Sterne (1713–1768), clérigo anglicano, possuidor de um grande poder de observação e de um humor extraordinário. O mote pode ser encontrado logo no início do livro: “Os ociosos que deixam o país natal vão para o estrangeiro por alguma razão ou razões que se podem derivar de uma destas causas gerais – enfermidade do corpo, imbecilidade do espírito, ou necessidade inevitável.”

A edição é da Antígona, aliás como o resto da obra de Sterne, nomeadamente o fabuloso “A Vida e Opiniões de Tristam Shandy”, publicado originalmente entre 1759 e 1767, em que o autor parodia o romance moderno, que começava a estar em voga no mercado livreiro.

A sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.