O chefe da diplomacia da União Europeia, o espanhol Josep Borrell, pediu uma solução de dois Estados para Israel e a Palestina, insistindo que o atual ‘status quo’ não é mais uma opção na região. “A comunidade internacional, e especialmente a União Europeia, não pode continuar a pagar a reconstrução todas vezes que um conflito irrompe”, disse, após uma reunião informal entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da União.
A União aumenta assim o tom face a Israel – e aos seus aliados mais próximos, como os Estados Unidos – para quem a questão dos dois Estados está praticamente esquecida. As declarações de Borrell devem ser entendidas no quadro da próxima reunião da NATO, onde a questão terá que ser, pelo menos informalmente, abordada – prevendo-se que a organização não consiga deste modo encontrar um alinhamento consensual.
A União anunciou recentemente que acrescentaria oito milhões de euros ao seu orçamento de ajuda humanitária à Palestina para auxiliar a reconstruir a Faixa de Gaza – juntando-se assim a mais dadores, alguns bem mais generosos, como o Egipto. “Oito milhões são suficientes para a Palestina? Com certeza não são suficientes. A reconstrução de Gaza custará centenas de milhões de dólares. Claro, temos que ajudá-los, mas o atual ‘status quo’ é inacessível”, frisou, citado por vários jornais europeus.
Borrell aplaudiu o acordo de cessar-fogo entre Israel e os grupos de resistência palestiniana foi alcançado na semana passada, mas disse que essa decisão não resolve o fundamental do problema entre Israel e Palestina – repetindo assim o que a ONU vai dizendo.
“Não podemos contar com cessar-fogo, violência e depois outro cessar-fogo. Precisamos de paz, que não virá por milagre; virá de negociações políticas. A solução de dois Estados é a única que pode proporcionar dignidade e liberdade para Israel e para a Palestina. Acredito que estamos mais longe disso do que nunca, mas temos que colocar essa solução em cima da mesa. E não chega apenas dizer palavras, precisamos trabalhar nisso “, disse ainda.
As palavras não terão por certo sido muito apreciadas em Tel Avive, capital de Israel – que tradicionalmente desconfia da União Europeia enquanto parceira. Ao contrário do que sucede com os Estados Unidos, a União tem primado pelas queixas em relação à atuação dos governos israelitas, particularmente dos de Benjamin Netanyahu.
Ainda há pouco tempo, a União emitiu um comunicado em que se insurgia contra as novas anexações na Cisjordânia, decretadas pelo governo de Israel e consentidas pelo seu aliado norte-americano. No quadro das relações entre Israel e a Palestina, a União e os Estados Unidos não têm, pelo menos desde a presidência de Barack Obama, grandes pontos de contacto.
Na Faixa de Gaza, onde vivem cerca de dois milhões de pessoas, enfrenta agora a tarefa de reconstruir as infraestruturas destruídas após a guerra com Israel. As Nações Unidas estimam que cerca de mil foram destruídas na guerra de 11 dias que terminou na última sexta-feira.
O Oriente Médio foi um dos principais temas do encontro que discutiu uma série de questões. A Síria foi um deles. Borrell disse que as recentes eleições na Síria “não foram livres nem justas”.
Por outro lado, o chefe da diplomacia dos 27 pediu que as forças políticas no Líbano “assumam a responsabilidade e ponham de lado suas diferenças” para lidar com a crise económica e social que não desagravou nos últimos meses e que continua a sofrer as consequências das explosões em Beirute no passado mês de agosto. Mas a permanência da crise deve-se bem mais à falta de entendimento das forças políticas em presença e de uma lei para a formação da cúpula do poder político totalmente anacrónica.
Mali e a Bielorrússia também fizeram parte da agenda da reunião.
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