[weglot_switcher]

Universidade de Coimbra lidera projeto europeu para estudar violência no trabalho

Encontrar as causas e promover soluções para prevenir comportamentos violentos e discriminatórios é o objetivo do projeto BRAVE-WOW, financiado com 2,2 milhões por Bruxelas. A portuguesa Leonor Pais coordena a investigação que envolve quatro países. Além de Portugal, Espanha Itália e Eslovénia.
15 Maio 2025, 18h48

Investigadores da Universidade de Coimbra vão tentar identificar e compreender as causas da violência baseada no género e da violência no trabalho e promover soluções e ferramentas para prevenir comportamentos violentos e discriminatórios.

O projeto de investigação Building Respectful and Violence-free Gender-inclusive Environments in the World of Work (BRAVE-WOW) prolonga-se até 31 de outubro de 2027, vai ser financiado com 2,286 milhões de euros, no âmbito do programa Citizens, Equality, Rights and Values da Comissão Europeia. Nesta “call“, o programa apoia projetos que lutem contra a violência baseada no género e contra as crianças.

A equipa de investigação do BRAVE-WOW vai estudar a violência no trabalho em organizações do setor da saúde – como hospitais, lares de idosos e centros de cuidados primários – em quatro países, Eslovénia, Espanha, Itália e Portugal. A decisão de estudar em concreto esta área prende-se com o facto “de ser uma das áreas profissionais mais expostas à violência de género no trabalho”, explica a docente da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), Leonor Pais, que coordena o projeto.

Ao longo dos próximos dois anos e meio, a equipa vai fazer recolha e análise de informação sobre o contexto europeu, considerando as diversas áreas que se relacionam com a temática da violência em contexto laboral, como raça, classe, orientação sexual, deficiência, género, entre outras.

A partir daí, o consórcio adotará uma abordagem participativa e inclusiva, através da realização de grupos focaisentrevistas e mesas-redondas com várias partes interessadas e envolvidas na temática – incluindo trabalhadores, gestores e profissionais de recursos humanos – e desenvolverá também análise de sentimento nas redes sociais, com o intuito de levantar informações veiculadas nestas plataformas por trabalhadores e entidades empregadoras.

O trabalho de campo permitirá aos investigadores criar ferramentas, como o Questionário de Violência de Género no Trabalho, que será aplicado em organizações de saúde na Eslovénia, Espanha, Itália e Portugal para testar a sua eficácia junto de profissionais de saúde, gestores e inspetores do trabalho. “Esta ferramenta pretende melhorar a compreensão e a prevenção da violência e do assédio no local de trabalho e será complementada pelo Questionário de Trabalho Decente”, salienta Leonor Pais.

Pela Universidade de Coimbra estão também envolvidas no projeto Carla Carvalho e Sílvia Lopes também docentes da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação.

Entre as atividades do projeto figura uma campanha de comunicação à escala europeia para a prevenção da violência no trabalho e o desenvolvimento de uma plataforma para a disseminação de resultados e para a formação de profissionais e gestores. Os resultados da investigação vão também ser dirigidos a decisores políticos, uma vez que se pretende definir linhas orientadoras para a promoção do trabalho digno e da igualdade de género e para o combate à violação de direitos humanos em contexto laboral.

O projeto BRAVE-WOW tem o propósito de criar uma comunidade europeia de práticas para prevenir o assédio e a discriminação no contexto laboral à escala europeia, que vai potenciar a partilha de conhecimento e de boas-práticas.

Atualmente – explica Leonor Pais – , “a violência de género no trabalho não é devidamente identificada e, por isso, pouco reportada”. São, assim, “necessárias novas abordagens a este fenómeno que permitam entender as suas causas. Isso passa pela revisão da informação já existente e pela promoção de novas intervenções capazes de estimular mudanças estruturais no longo prazo”, acrescenta.

O projeto junta 19 organizações nos quatro países parceiros. Em Portugal, além da UC, conta com a participação da Universidade de Évora, da SHINE2Europe, da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, da Autoridade para as Condições de Trabalho e da Unidade Local de Saúde do Alentejo Central. Espanha participa através da Universidade de Barcelona, da Fundação para a Promoção da Investigação Científica Aplicada e Tecnologia nas Astúrias, do Serviço de Saúde do Principado das Astúrias, da Fundação CTIC – Centro Tecnológico para o Desenvolvimento das Tecnologias da Informação nas Astúrias e o Departamento de Saúde do Principado das Astúrias. Já em Itália, os parceiros são o Instituto Nacional de Saúde, o Instituto Nacional de Seguros de Acidentes de Trabalho, o Instituto de Internamento e Serviços de Assistência ao Idoso e a Fundação Rigel ET. As entidades beneficiárias na Eslovénia são o Centro Médico Universitário Maribor, o Ministério da Saúde e a Associação de Enfermeiras e Parteiras da Eslovénia.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.