A partir do aeroporto de Colónia, onde dispõe do seu segundo maior hub aeroportuário a nível mundial, a UPS – United Parcel Service consegue distribuir a quantidade incrível de cerca de 190 mil pacotes de encomendas por hora (53 por segundo) para todos os pontos do Mundo, com um tempo máximo de distribuição de um dia na Europa e de três dias nos destinos mais longínquos do Globo. Depois da última fase de investimento no centro logístico no aeroporto de Colónia, avaliada em cerca de 167,5 milhões de euros, a UPS passou a empregar neste centro três mil funcionários de 56 nacionalidades diferentes, apoiados numa frota de 300 camiões e carrinhas e de 44 aviões, entre aeronaves próprias e alugadas.
Todos os números são impressionantes e esmagadores: o novo espaço do hub da UPS em Colónia tem uma área de mais de 105 mil metros quadrados e é atravessado por cerca de 60 quilómetros de escadas e passadeiras rolantes, por onde rolam os mais variados tipos e formatos de pacotes em corrida frenética para o seu destino. Desejos de criança ou remédios raros para pacientes, tudo por aqui pode passar, desde que cumpra as mais rigorosas regras de segurança.
São três da manhã em Colónia e a visita a estas instalações, depois de apertados testes de segurança e controlo à entrada, já dura há várias horas, no âmbito do Media Day que a UPS organizou em julho passado. O elevado nível de automação e robotização é evidente. Descontextualizadas, as imagens até podem inscrever-se num cenário absurdo, num ritual mecanizado em absoluto, típico de uma entropia de fição científica. Mas não, é tudo no presente, calculado até ao último pormenor, com o máximo rigor, sem margem para erros. E com toque humano, quanto baste. E atenção máxima às questões de security, não estivéssemos nós num aeroporto a seguir pacotes que vão ser colocados em aviões que vão aterrar num dos outros 65 aeroportos da rede da UPS em todo o Mundo. Incluindo uma inspeção à séria com cães pisteiros a todas as embalagens que se tornem suspeitas, por um motivo ou outro.
Estes números avassaladores não explicam tudo. Para se chegar aqui, há uma vasta equipa a estudar as tendências do mercado, as necessidades dos consumidores, as pretensões dos clientes. E atenta às movimentações da concorrência feroz. Segundo Nico Nauen, um dos responsáveis da UPS Europe, “conseguimos encontrar cinco tendências fundamentais para o futuro: 1) a expansão do comércio mundial; 2) o crescimento dos mercados emergentes – um recente estudo da McKinsey prevê que em 15 anos, o consumo dos novos mercados emergentes atinja o montante de 30 triliões de dólares [cerca de 25 triliões de euros]; 3) o crescimento do comércio eletrónico [e-commerce]; 4) o outsourcing da cadeia de abastecimento [supply chain] e 5) novas soluções centradas na indústria”.
As indústrias que terão mais peso e dinâmica nesta evolução que se prevê galopante serão os construtores automóveis, o retail (grande distribuição e distribuição especializada), as tecnologias de ponta (high tech), a indústria da saúde (health care). O comércio eletrónico, em que a China é já o maior mercado mundial, tendo ultrapassado recentemente os Estados Unidos, aliado às inovações tecnológicas constantes serão outros fatores disruptivos e de crescimento potencial para este mercado em que a UPS opera.
“Prevê-se que os clientes do e-commerce passem a ter mais poder, não só económico, mas também porque querem estar mais no controlo e saber onde e quando vão poder recolher a sua encomenda”, adianta Carsten Heissen, responsável pela área de comércio eletrónico da UPS, adiantando que um recente estudo aponta para uma percentagem entre 10% e 15% de compras feitas online em todo o Mundo, um número que deverá duplicar a curto prazo.
“A segunda tendência é o reforço da tecnologia e da inovação e aí vamos ter de acrescentar valor a um custo competitivo. A terceira tendência é o surgimento no mercado de novos negócios, como o click and collect [clique e recolha], ou o omnichannel, em que se encomenda online e se vai buscar a encomenda à loja, assim como o crescimento das redes de collection points [pontos de recolha], com a montagem de cacifos onde as pessoas podem ir levantar as suas encomendas”, explica o mesmo responsável.
Além das tendências, a UPS está dependente das circunstâncias políticas mais gerais. Questionado sobre os efeitos que o brexit poderá vir a ter nas atividades da empresa, Nando Cesarone, presidente da UPS Europe, admitiu que “não sabemos exatamente o que vai acontecer, possivelmente os fluxos comerciais vão mudar um pouco”, mas mostrou-se confiante de que “os dois lados da fronteira são devidamente educados para resolver os problemas que possam surgir”.
Sobre a intenção de reforçar o protecionismo por parte de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, Cesarone foi esclarecedor: “preferimos que não haja fronteiras, que o comércio seja livre”, porque “consideramos que o protecionismo não é bom”.
“Em cada 22 encomendas que exportamos criamos um emprego, pelo que entendemos que o comércio não pode ser travado porque cria riqueza”, sublinhou Nando Cesarone.
É essa riqueza que trouxe a UPS até aqui. Desde os longínquos tempos, em 1907, quando James E. Casey, aliás, ‘Jim’ Casey, notou a falta enorme de resposta para a necessidade de envio de mensagens privadas e de entrega de encomendas. Pediu emprestado 100 dólares a um amigo para lançar numa cave de Seattle um serviço de mensageiros, de transporte expresso, de notas a bagagens, passando até por tabuleiros de comida de restaurantes. No início, a maioria dos mensageiros ia a pé ou de bicicleta. Uma tendência que está a ser retomada pela UPS em função das novas preocupações de sustentabilidade, que passam também pela utilização crescente de combustíveis alternativos aos fósseis pelas frotas automóveis e de aviões da empresa.
O jornalista viajou a convite da UPS
Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.
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