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Adeus, caderneta bancária. Levantamentos de dinheiro acabam a partir de sábado

Esta medida é uma consequência direta da entrada em vigor das novas regras europeias, que exigem mais segurança nas operações bancárias. Clientes do Montepio Geral, Caixa Geral de Depósitos e Crédito Agrícola vão ter de passar a usar somente o cartão de débito para levantar dinheiro.
12 Setembro 2019, 09h13

Os clientes bancários vão deixar de poder usar a caderneta para levantar dinheiro a partir de sábado, 14 de setembro. Desta forma, os clientes da Caixa Geral de Depósitos, Crédito Agrícola e Montepio Geral só vão poder usar as cadernetas para consultar o seu saldo bancário e os movimentos da conta.

A partir de sábado, os clientes destes bancos vão ter de usar o cartão de débito para continuar a levantar dinheiro nas caixas automáticas. O fim das cadernetas acontece devido à entrada em vigor das novas regras europeias que exigem mais segurança nas operações bancárias.

A Caixa Geral de Depósitos conta com 290 mil clientes que ainda usam a caderneta e vai disponibilizar um cartão gratuito por ano. Já o Crédito Agrícola vai promover a adesão ao cartão de débito aos utilizadores que usam somente a caderneta.

A Associação de Defesa do Consumidor (Deco) já veio a público alertar que tem faltado informação clara dos bancos sobre os custos que os clientes que passarem a ter cartões irão suportar no futuro, sobretudo no que respeita a comissões.

Esta Associação dá como exemplo a CGD que tem 290 mil clientes com cadernetas: “poderá cobrar 18 euros de anuidade de cartão de débito após o primeiro ano, destacando que “o Montepio e o Crédito Agrícola ainda não anunciaram os custos em causa com os cartões de débito”.

Para evitar surpresas, a Deco sugere que os clientes destes bancos devem começar por dirigir-se a um balcão do seu banco ou pedir informações à linha de apoio ao cliente do mesmo para saber por quanto tempo terá o cartão gratuitamente, no caso da CGD, bem como os custos associados.

“Com esta informação, poderá comparar os custos do cartão que lhe vão propor com outros cartões e ofertas de outras instituições bancárias”, destacam os responsáveis da Deco, criticando o facto de o Banco de Portugal (BdP) não ter divulgado informação sobre esta mudança. “As cadernetas são usadas, em grande parte, pela população idosa e, nalguns casos, com poucas condições financeiras e um orçamento apertado”, realça a Deco.

Esta mudança implica o fim do levantamento de dinheiro e fazer transferências através das ‘velhas’ cadernetas bancárias, tendo de optar por outros meios, como cartões de débito, cheques (que têm custos), ou outras aplicações tecnológicas. Na prática, quem pretender manter a caderneta só a poderá usar para consultar movimentos e saldo. Uma alteração que para a Deco foi imposta aos clientes, não sendo uma iniciativa dos consumidores, pois  não foi solicitada, sendo que, por isso, a gratuitidade do cartão devia estar assegurada.

“Consideramos que o BdP deveria recomendar a gratuitidade do cartão além de um ano. Esta mudança foi imposta aos consumidores, que não pediram alterações ao serviço. Por isso, neste caso, à semelhança das cadernetas, os novos cartões deveriam ser gratuitos de forma vitalícia”, defende a Associação em jeito de recomendação ao regulador do sector financeiro.

Além disso, alerta, “com esta mudança, poderá existir o risco de os bancos tentarem levar estes clientes a aderir a cartões premium, com custos elevados, para cumprir objetivos de vendas”.

Para a Deco, a conta de serviços mínimos bancários, que garante um conjunto alargado de serviços, como cartão de débito, por um custo muito reduzido, que no corrente ano não pode ultrapassar os 4,35 euros por ano, pode ser uma alternativa para alguns clientes. Uma conta que, no caso da CGD, não tem custos.

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