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Valadas Coriel vai apostar na assessoria a negócios de arte

A sociedade de advogados tornou-se em 2018 na segunda portuguesa a ter presença na Costa do Marfim, em parceria com o escritório de Eric Kondo.
2 Fevereiro 2019, 13h00

A Valadas Coriel & Associados (VCA) tem um foco para 2019 escolhido: o mercado da arte. A sociedade de advogados justifica o investimento neste segmento de atividade com a “oferta diferenciada” e com o facto de uma fatia significativa da sua clientela ser particular [high-net-worth individuals]. O objetivo passa por assessorar juridicamente transações de peças de arte, quer do ponto de vista do comprador quer do vendedor – e firma já começou a preparar a demarcação nesta setor.

“Vamos patrocinar a FEA (Festival dos Espaços dos Artistas), uma feira de arte que vai haver em Lisboa, e oferecer apoio jurídico a jovens artistas, uma espécie de consultoria gratuita”, disse ao Jornal Económico o sócio executivo João Valadas Coriel. “Quando vendo um quadro, quem tem direito de fazer a reprodução? Tenho de cobrar IVA? O imposto é diferente se vendo numa galeria ou particularmente?” são algumas das dúvidas às quais o co-fundador do escritório pretende responder.

Tecnologia, armazenamento na ‘nuvem’ e pouca complacência serão as metas deste escritório que nasceu em 2001 e até 2010/2011 tinha sete advogados, era puramente local e não possuía grandes ambições. Nesses anos, confrontado com a regressão da economia (e do mercado da advocacia em Portugal), João Coriel empenhou-se em perceber como se geria um escritório de terceira dimensão e a incluir a internacionalização na sua estratégia. A seu ver, é difícil saber aquilo de que o cliente precisa se não fizer parte de alianças internacionais. Após as investidas no networking em redes de escritórios, como a IR Global, a clientela internacional da sociedade representa atualmente quase 40% da faturação, o que também lhe permitiu adequar os preçários. “Em Portugal há pressão para a baixa dos preços, e muitas empresas não se interessam pela qualidade mas pelo serviço barato. Já recusámos potenciais clientes por isso”, afirma.

Na sua opinião, também o modelo académico está ultrapassado e, com o impacto da tecnologia na área legal, cada vez mais tarefas deixarão de ser executadas pelos próprios profissionais do Direito. “Quando comecei na advocacia usavam-se máquinas de escrever elétricas. Hoje, os clientes querem resposta a um email no próprio dia ou no seguinte, e isso não se faz com duas ou três pessoas. Agora somos quase 30 [advogados e funções de suporte]”, referiu o sócio.

Sociedade voou até à África subsariana

O continente africano foi a última investida da VCA, que estabeleceu, no final de setembro, uma parceria com o escritório de Eric Kondo na Costa do Marfim, tornando-a na segunda firma portuguesa a ter presença neste país, depois da Miranda & Associados. Segundo Vera Chalaça, responsável pela ligação entre Lisboa e Abidjan, a Costa do Marfim é o país da África subsariana que mais tem crescido (cerca de 8%/ano) e apresenta “múltiplas oportunidades”, inclusive nas obras e concessões públicas e parcerias público-privadas.

De África ao peito, no pendente do colar que enverga, a sócia do departamento de Contencioso e Arbitragem diz que na Costa do Marfim não há limitação ao repatriamento de divisas, como em Angola. “O Estado tem uma política de investimento na casa dos 62 mil milhões de dólares [cerca de 54 mil milhões de euros], um plano de desenvolvimento económico grande até 2020. A ideia é flexibilizar, pendente à criação das empresas”, realçou Vera, em declarações ao semanário.

Apesar de existirem medidas protecionistas, como a obrigatoriedade de uma inspeção de conformidade à entrada do país, os advogados da VCA garantem que o capital estrangeiro é bem vindo e que o país está numa fase de pacificação política. “Todos os países que entrem na Costa do Marfim tem de ser vistoriados no país de origem para saber se estão conforme a legislação marfinense. É um selo com um custo mas há vontade de investimento estrangeiro. É um país africano, há sempre burocracias, mas a ideia é facilitar a entrada”, explica a advogada que se mudou para a cidade considerada o polo económico marfinense.

Artigo publicado na edição nº1972, de 18 de janeiro, do Jornal Económico

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