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“Vamos continuar a usar os nossos instrumentos para apoiar a economia o tempo que for preciso”, diz presidente da Fed

Em conferência de imprensa, o presidente da Reserva Federal norte-americana, Jerome Powell, adoptou uma postura de ‘esperar para ver’ em relação à evolução da conjuntura económica — condicionada à vacinação — antes de mexer no programa de compra de ativos, admitindo uma mexida. Fed mantém-se disponível para apoiar a economia pelo tempo que for necessário.
16 Dezembro 2020, 20h58

A Reserva Federal (Fed) norte-americana considera que tem a política monetária acomodatícia “adequada” à conjuntura económica, impactada pela crise sanitária, e está preparada para usar o arsenal de instrumentos de política monetária para apoiar a economia durante o tempo que for necessário.

Em conferência de imprensa esta quarta-feira, o presidente do banco central, Jerome Powell, foi peremtório ao dizer que “vamos continuar a usar os nossos instrumentos para apoiar a economia o tempo que for preciso”, isto é, até conseguir colocar a inflação numa trajetória ascendente, para uma taxa “substancialmente mais perto” dos 2%.

Naquela que foi a última decisão de política monetária de 2020, a Fed manteve esta hoje inalterada a taxa de juro diretora, no intervalo entre 0% e 0,25%, e o ritmo de aquisições programa de compra ativos, em linha com as expectativas dos analistas, que destacaram a importância de Jay Powell poder reforçar o forward guidance, sinalizando as condições económicas que poderão lever a alterações no programa de compras.

“A nossa principal mensagem é que vamos manter as compras de ativos na nossa política monetária até que o objetivo da estabilidade dos preços tenha sido atingido. E isso é uma mensagem poderosa”, deixando antever que não fará ajustamentos ao programa de compras de ativos até conseguir colocar a inflação próxima da meta dos 2%.

Com a decisão de política monetária, a Fed manteve o tecto do volume da compra de ativos em 120 mil milhões de dólares.

Jay Powell frisou ainda que “os próximos meses serão desafiantes” e que o primeiro trimestre de 2021 poderá demonstrar impactos económicos devido ao aumento dos casos de Covid-19 nos Estados Unidos, numa altura em que haverá norte-americanos já vacinados, sinalizando incerteza em relação à evolução da conjuntura económica.

Para o curto prazo, o presidente do banco central vincou que “a ajuda que as pessoas vão precisar não é apenas ajuda das baixas taxas de juro que estimulam a procura”, tendo admitido ainda que “há muitas coisas que poderemos fazer”, para apoiar a economia, nomeadamente “expandir o programa de compra de ativos”, sem no entanto especificar em que medida, numa ótica de ‘esperar para ver’.

Para Rhys Herbet, economista do banco britânico Lloyds, numa nota de análise à decisão da Fed, destacou que “permanece o risco significativo de que o programa de compra de ativos será reforçado no próximo ano”. “Se o for, vai incluir provavelmente a extensão das maturidades das obrigações que a Fed compra”.

Fora do campo de ação da política monetária, para o curto prazo, que se antevê difícil, o presidente da Fed disse que o caso para mais estímulos orçamentais à economia é “forte”.

O Congresso norte-americano tem estado em negociações para aprovar um novo pacote de estímulos económicos em torno dos 900 mil milhões de dólares. “Eu daria as boas vindas ao trabalho que o Congresso está a fazer neste momento”, disse Jay Powell, a propósito deste apoio do Estado.

Questionado sobre quando anteciparia que os Estados Unidos atingissem a imunidade de grupo, o presidente do banco central não quis dar uma data específica porque se trata “de uma assunção sobre uma assunção” — porque depende de muitas variáveis —, mas apontou para o “meio do ano” de 2021 ou para “a segunda metade” do próximo ano.

 

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