Desde que foi fundada em 2020, a Associação Portuguesa de Enoturismo (APENO) tem vindo a alertar o Governo para a falta de reconhecimento em termos legislativos e a não classificação do setor como uma atividade económica em Portugal, algo que até à data tem sido recusado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
“Já vamos no terceiro secretário de Estado”, refere, a presidente Maria João de Almeida, salientando que na última reunião presencial com o atual secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, a associação apresentou os problemas, mas também as soluções pensadas em conjunto com a sociedade Abreu Advogados.
“Após esta apresentação pareceu-nos [Pedro Machado] estar mais sensível a estas questões do que os anteriores dirigentes, mas, entretanto, não tivemos mais novidades. E agora a organização do setor já não depende da APENO, o trabalho está feito e apresentado ao Governo”, sublinha Maria João de Almeida.
Por outro lado, a presidente da associação realça que as questões do registo e da legislação, por exemplo, “são mais fáceis do que parecem”, dado que podem ir simplesmente a Conselho de Ministros. “Vamos ver se há ou não essa vontade política”, enfatiza.
Com um volume de negócios anual de 800 milhões de euros, a atividade do enoturismo gera atualmente 100 mil postos de trabalho diretos e indiretos e conta com 40 mil agentes económicos (produtores de vinho, empresas de viagens e de animação turística, garrafeiras, restaurantes, winebars e hotelaria especializada/wine hotels).
No entanto, a APENO salienta que o estudo ‘Travel BI’ do Turismo de Portugal considera apenas 458 produtores de vinho em Portugal a praticar enoturismo. “Se a estes agentes económicos juntarmos empresas de outros setores que também promovem o enoturismo, como algumas agências viagens ou de animação turística, garrafeiras, restaurantes, winebars e hotelaria especializada/wine hotels, entre outros, a quantificação e o valor do setor do enoturismo será muito maior”, sublinha a associação.
Como tal, Maria João de Almeida considera que esta atividade tem crescido em Portugal de forma expressiva, com ofertas mais sofisticadas e experiências muito interessantes, genuínas e criativas, que surpreendem e que vão muito além da simples prova de vinhos.
“O setor ainda tem um longo caminho pela frente, mas tem investido em novas infraestruturas e profissionalização, e já é uma referência mundial. Há desafios, sendo um dos principais a sazonalidade, mas o potencial de crescimento é enorme. é por estas e por outras que a quantificação do setor é algo urgente”, realça.
No entanto, a presidente da APENO avisa para os desafios que o setor tem pela frente, como a sazonalidade e a necessidade de mais acessibilidades a certas regiões, e a sustentabilidade do enoturismo. “A profissionalização contínua e a digitalização também serão cruciais para melhorar a experiência do visitante”, afirma.
Por outro lado, Maria João de Almeida defende que há grandes oportunidades, como a valorização de experiências diferenciadoras, como por exemplo a prática da atividade de enoturismo em meios urbanos. “Haverá também um crescimento do turismo de luxo e a aposta em mercados emergentes. A colaboração entre regiões e a promoção internacional também podem impulsionar o setor para um novo patamar”, conclui.
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