Vasco de Mello foi agraciado com o grau de Doutor Honoris Causa da Universidade Católica Portuguesa. O empresário, filho primogénito de José Manuel de Mello, transporta juntamente com os seus 11 irmãos, quatro filhos e vários sobrinhos um legado de 120 anos, iniciado pelo bisavô Alfredo da Silva, fundador do Grupo CUF, o maior industrial português de todos os tempos.
“Dá-nos a responsabilidade de continuar a ser uma família com vocação empresarial que deve seguir os exemplos dos antepassados ao nível do empreendedorismo, da determinação e do rigor, sem nunca esquecermos que o nosso sucesso resulta em grande parte da dedicação e profissionalismo de todos os que trabalham connosco”.
Na sua preleção, esta sexta-feira, no Auditório Cardeal Medeiros, em Lisboa, Vasco de Mello manifestou desejo, determinação e compromisso com Portugal, afirmando: “Queremos continuar a ser uma família com vocação empresarial por (pelo menos) mais 120 anos”.
Lembrou o lema da CUF – “mais e melhor”, salientando que os valores e atitude de ontem são os valores de hoje: empreendedorismo, inovação, excelência, gestão de talento, criação de valor para todas as partes interessadas, que permitem um forte contributo na promoção do bem estar da sociedade.
Miguel Athayde Marques, vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa, que, na qualidade de padrinho, faz o elogia de Vasco de Mello, evoca o passado para explicar o presente, destacando a cultura empresarial responsável, a transparência, a ética e a preocupação com a cidadania. “Alfredo da Silva e os seus sucessores imprimiram uma cultura empresarial muito própria que atualmente ainda perdura no Grupo José de Mello, caracterizada por três grandes linhas de força: empreendedorismo, liderança e compromisso”.
Vasco Maria Guimarães José de Mello, nasce a 27 de outubro de 1956 e passa a infância em Portugal. Tem 17 anos quando se dá a Revolução do 25 de Abril de 1974, que leva a família a deixar o país, primeiro a mãe e os filhos para a Suíça, a seguir ao 28 de Setembro e, cerca de um ano depois, o pai quando se dá a nacionalização do grupo CUF. Forma-se na Suíça e trabalha nos Estados Unidos, no Citibank, e em S. Paulo, Brasil. Em 1980 regressa a Portugal para trabalhar com o pai nas empresas que este havia comprado no Norte, mas o regresso definitivo só acontece em 1989, na altura em que o pai havia recomeçado a reconstrução dos negócios a partir da José de Mello SA, que funda em 1988.
O Grupo José de Mello ganha rapidamente dimensão e “atinge sucesso assinalável”, destaca o professor Athayde Marques. No início do seculo XXI, salienta, colocava-se a questão da sucessão e esta veio a fazer-se de forma exemplar. A propósito, lembra palavras do pai de Vasco, José Manuel de Mello, em 2001, citadas na biografia da autoria de Miguel Figueira de Faria: “Estou confiante porque os meus filhos têm a seu favor uma experiência que eu só adquiri muito mais tarde. Eles formaram-se a saber que não tinham nada e que era preciso reconstruir. Acredito que a continuidade está assegurada e é isso que me deixa livre para pensar que para além do meu tempo há quem vá prosseguir a estafeta.”
Atualmente, Vasco de Mello preside à Fundação Amélia de Mello, é membro da direção da Associação Business Roundtable Portugal e presidente dos Conselhos de Administração da Brisa e
da José de Mello Capital, holding que controla o Grupo José de Mello. O seu percurso empresarial inclui, entre outras, funções de supervisão e gestão em empresas como a Companhia de
Seguros Império, Banco Mello e BCP.
“Crescemos com uma noção muito clara de que tínhamos uma responsabilidade acrescida face aos demais e por isso deveríamos ser o melhor possível em tudo o que fazemos, embora todos tivessem liberdade para encontrar o seu caminho (…) Como nos ensinou o nosso pai, um grupo só se consegue criar com um espírito de missão, com muita humildade, com total determinação e se nos mantivermos unidos”.
Vasco de Mello afirma ter sempre lutado nesse sentido e acredita que essa é a razão porque os Mello é ainda “uma família empresária com vontade de continuar a fazer mais e melhor”, agradecendo à mulher, aos filhos, aos irmãos, evocando o pai e a mãe, o avô, Manuel de Mello, a avó Amélia, que dá nome à Fundação Amélia de Mello que dirige, e o bisavô.
Uma nota muito especial para a Universidade Católica, que representa os valores que acredita “devem nortear o mundo empresarial e a vida em comunidade, o compromisso com a integridade, o respeito pelo outro e a construção de um futuro mais justo e solidário”.
A concluir a preleção, que se seguiu à imposição das insígnias e recebimento da carta doutoral, refere: “A minha trajetória ensinou-me que o verdadeiro sucesso não se mede apenas pelos resultados financeiros, mas, sim, pelo impacto positivo que conseguimos ter na vida das pessoas, nas organizações e na sociedade em geral. A distinção que hoje recebo reforça em mim a responsabilidade de continuar a prosseguir este propósito com determinação e humildade”.
A cerimónia decorreu esta sexta-feira, no Auditório Cardeal Medeiros, em Lisboa, e foi presidida pelo Magno Chanceler da Católica, D. Rui Valério, nela intervindo a reitora, Isabel Capeloa Gil, e Fernando Alexandre, ministro da Educação, Ciência e Inovação. No seu Dia Nacional, a Universidade Católica Portuguesa concedeu também o doutoramento Honoris Causa ao empresário Ilídio Pinho.
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