Na mais recente JE Talks falou-se sobre a evolução da economia circular em Portugal nos últimos anos, assim como acerca do que virá no futuro mais próximo, com destaque para as metas exigentes que se aproximam a passos largos, numa altura em que Portugal tem de recuperar terreno para os congéneres europeus.
Sofia Santos, fundadora da Systemic, realça a “evolução muito significativa” nesta área, já que o conceito de economia circular está cada vez mais presente nos nossos dias, desde a reciclagem de resíduos, até à reutilização de um bem essencial, como a água: “Há cinco anos não se falava de economia circular, a não ser nas aulas de ambiente ou nas aulas das engenharias do ambiente”, recorda, sem deixar de referir que Portugal continua muito atrasado neste capítulo.
“Temos metas muito exigentes para a redução destes resíduos urbanos e para a sua reciclagem”, aspetos onde ainda há muito por fazer. Na reciclagem, “estamos em cerca de 21% [de adoção]. O objetivo para 2025 é 55% e para 2035 é 65%”, sendo que estes números fazem de Portugal um dos Estados europeus “com mais dificuldades”, de acordo com as palavras da responsável, que alerta para a necessidade de se trabalhar no sentido de cumprir estes valores, sob o risco de se atingir a capacidade máxima de resíduos depositados debaixo de terra.
“Estamos a produzir mais resíduos por indivíduo e a capacidade dos aterros, a esta taxa, chegando a 2027 já não teremos local para colocar estes resíduos”.
É o caso das empresas que vendem lavagens de roupa (ao invés de venderem máquinas de lavar), e que nos fazem perceber que as indústrias chegaram à conclusão que “a questão da recuperação e da reutilização de materiais, do ponto de vista do modelo de negócio, é muito mais rentável”. De acordo com a responsável, este panorama leva a que a forma de avaliar as empresas tenha de ser “diferente dos indicadores tradicionais”. Hugo Pereira, vice-presidente da Águas do Tejo Atlântico, deixa claro que Portugal tem “uma política do ambiente que em muitas áreas é pioneira”, de tal forma que “temos valores, temos uma ambição muito grande e tudo isso se cruza numa lógica de economia circular.”
“Fábricas de água”
De acordo com o executivo, Lisboa tem, desde 2019, um plano estratégico de reutilização da água, mas realça que ainda há muito por fazer para aumentar a poupança de água. Isto porque, com as alterações climáticas, sabemos que “vai chover menos dias, mas de uma forma muito mais intensa”, lembra, sem deixar de referir o diferencial que existe face aos outros países da União Europeia (UE).
O responsável mostra otimismo no futuro, no capítulo da poupança de água. “Nos últimos quatro, cinco anos temos vindo a recuperar e acredito que agora o que tem que ser feito é aplicar muito daquilo que está a acontecer e dar algum tempo para poder que essas políticas fiquem reais”.
Para o responsável, uma das medidas que deve ser posta em prática é o aumento do preço da água, num contexto em que, em grande parte dos municípios, “a fatura da água é a mais baixa”. Uma tendência que Hugo Pereira sublinha que deve ser revertida o quanto antes, de forma a reduzir o consumo deste recurso.
Hugo e Sofia mostram concordância no que diz respeito à importância da política fiscal no sentido de incentivar a reduzir o consumo de água e de resíduos diversos. “A parte fiscal e o preço têm aqui um fator muito importante para podermos dar os passos que ainda precisamos dar a esse nível”, de acordo com Hugo Pereira.
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