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Via Verde diz-se “tranquila” perante decisão da ACP em recorrer aos tribunais e descarta corte de relações

Estalou o verniz entre a Automóvel Club de Portugal e a empresa do grupo Brisa devido à mudança nos serviços que entrou em vigor na quarta-feira, mas o trabalho conjunto é para manter, garante o CEO ao Jornal Económico. Sobre as novas tarifas, Eduardo Ramos diz que “são pouquíssimos” os clientes que não querem ter acesso aos serviços complementares por mais 50 cêntimos. “Não chegam a 100 nos primeiros dois dias”, avança.
  • Via Verde (Mobilidade)
7 Janeiro 2022, 18h15

A Via Verde ainda não conhece a ação judicial que a Automóvel Club de Portugal (ACP) avançou contra a empresa do grupo Brisa, dois dias depois de a associação anunciar que iria recorrer aos tribunais, quando entrou em vigor da nova oferta de serviços e tarifários de mobilidade da Via Verde.

“Continuamos tranquilos e focados naquilo que temos que fazer: entregar serviços autoestradas e serviços adicionais de mobilidade. Temos uma relação ao longo de tantos anos com a ACP e queremos continuar a tê-la. A ACP tem quase 300 mil clientes que nos merecem o maior respeito”, garantiu o CEO da Via Verde ao Jornal Económico (JE).

A ACP acusa a Via Verde de ter implementado um “novo tarifário dissimulado” e de induzir os consumidores em erro no momento em que têm de tomar uma decisão sobre os serviços da empresa, que optou a 5 de janeiro por separar o pagamento das portagens dos outros serviços, que abrangem os pagamentos de estacionamento ou de abastecimento de combustível, por exemplo.

No entanto, o administrador executivo da Brisa, responsável pela Via Verde, diz que a ACP tinha conhecimento da mudança que iria acontecer no início deste ano, porque houve um trabalho conjunto que foi iniciado em agosto e prolongou-se até dezembro de 2021, altura em houve inclusive uma publicação de um vídeo explicativo sobre as novas tarifas e serviços nos canais digitais da ACP.

“Foi uma surpresa porque estávamos há alguns meses a tentar estruturar uma oferta conjunta para clientes ACP e Via Verde – existem clientes comuns e idênticos – e essa oferta foi apresentada à ACP, às equipas comerciais, porque existem sinergias interessantes. A ACP tem uma missão e nós temos uma outra, no ecossistema de mobilidade, e estávamos a trabalhar nisso”, afirmou Eduardo Ramos.

Em causa estão as alterações aos tarifários das modalidades de subscrição mensal ou anual da Via Verde Autoestrada, Via Verde Mobilidade e Via Verde Mobilidade Leve, que substituem a Via Verde Livre, Via Verde Leve e Aluguer Anual. O Via Verde Autoestrada, das portagens, vai custar 49 cêntimos por mês ou 5,75 euros por ano, sendo que quem alugar o equipamento o valor é igual. “São 49 cêntimos por mês, menos de um café. Não estamos a falar dos 8 euros da ACP”, critica Eduardo Ramos.

Os serviços adicionais, como o pagamento de estacionamento em parques ou rua, Mc Drive ou acesso a postos de carregamento de carros elétricos, passaram a ser cobrados à parte, numa modalidade 50 cêntimos mensais mais cara do que a anterior. “São pouquíssimos os clientes que não querem ter isto tudo por mais 50 cêntimos. Não chegam a 100 [nos primeiros dois dias]”, referiu o CEO da Via Verde.

Ao JE, Eduardo Ramos confirma ainda o volte-face na decisão de voltar a vender identificadores e reforça ainda que a informação divulgada pela associação automóvel “tem erros”, porque a Via Verde “não tem nenhum serviço de concessão pública, é uma entidade que tem um conjunto de obrigações como entidade de cobrança de portagem, como outras que operam no mercado português através do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), do Ministério das Infraestruturas e Transportes”. “A reconfiguração do valor da oferta são serviços completamente concorrenciais, não estamos a mexer na base da oferta de metade dos nossos 3 milhões de clientes, os que utilizam só autoestradas”, sublinha.

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