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Vídeo: Em 20 segundos, desaparece 40 anos da história moderna de Portugal

As duas torres da central a carvão de Sines marcaram a paisagem da costa alentejana durante quatro décadas, assim como a água quente da praia de São Torpes. Central chegou a abastecer um terço da eletricidade dos portugueses. Foi-se o carvão, segue-se o hidrogénio verde?
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2 Outubro 2025, 18h12

Portugal assinou o tratado de adesão à Comunidade Económica Europeia em 1985. A CEE, como era conhecida, foi a percussora da atual União Europeia. Nesse ano, tiveram também lugar eleições legislativas, em que Cavaco Silva consegue a sua primeira maioria absoluta. Algo mais trágico aconteceu a norte, o acidente ferroviário de Moimenta-Alcafache na Linha da Beira Alta causou a morte de 150 passageiros, sendo o mais mortífero de sempre em Portugal.

Mas, mais a sul do país, foi inaugurado a central a carvão de Sines, distrito de Setúbal. As duas torres da central dominaram a paisagem da costa alentejana durante 4 décadas. Até hoje. A EDP procedeu hoje à demolição das torres.

O projeto teve um custo de de investimento de 650 milhões de euros (preços da década de 80), quando a companhia ainda pertencia totalmente ao Estado português. A potência instalada era de 1.256 MW.

A central fechou portas a 15 de janeiro de 2021, com a companhia a antecipar o fecho por os preços do carvão e da carga fiscal a não justificarem financeiramente a continuação da operação.

A central chegou a abastecer quase um terço da eletricidade consumida em Portugal na década de 90, caindo para 20% nos anos 2000 e 15% na década de 2010, até cair para 4% em 2020.

Durante quase 4 décadas, produziu mais de 270 terawatts hora de eletricidade, o equivalente ao conso anual de um país com 60 milhões de habitantes.

Para o local está agora previsto um projeto de hidrogénio verde: o GreenH2Atlantic, que prevê 100 MW de eletrolisadores neste local, mas que ainda está muito embrionário, num momento em que os projetos de hidrogénio verde recuam perante a falta de viabilidade.

Em 1985, o PIB português valia então 23,2 mil milhões de euros, tendo disparado 23% desde então. A inflação estava num nível estratosférico: quase 20%, muito acima dos 2,4% registados em 2024. Já a dívida pública estava nos 12,7 mil milhões de euros, menos 41%. Então, era registado um défice orçamental acima de 8%, um contraste face aos 0,5% de excedente registados em 2024. Tudo mudou desde então, assim como a produção energia, com a eletricidade renovável a abastecer mais de 70% do consumo nacional em 2024.

 

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