[weglot_switcher]

Vinhos do Alentejo e Águas de Portugal assinam protocolo de combate a alterações climáticas

Este acordo pretende reforçar as ações no âmbito da reutilização de águas residuais, reaproveitamento de lamas de estações de tratamento de águas residuais (ETAR); sustentabilidade e economia circular; e projetos de inovação, estando alinhado com o propósito do Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA), lançado em 2015.
9 Abril 2021, 19h56

Os vinhos do Alentejo e a Águas de Portugal (AdP) assinaram um protocolo para o combate a alterações climáticas.

Segundo um comunicado conjunto das duas entidades, esta cooperação “surge como resposta à crescente desertificação do Alentejo, com a agricultura a ser responsável pelo uso de 75% da água gasta em Portugal”.

“A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) acaba de anunciar a assinatura de um protocolo de dois anos com a Águas de Portugal (AdP Valor), que pretende mitigar as alterações climáticas, promovendo a economia circular e combatendo a desertificação do Alentejo. O Aqua Vini, primeiro projeto no âmbito da cooperação entre as duas entidades, e financiado pelo Fundo Ambiental do Ministério do Ambiente, já iniciado, em março, na Herdade da Ravasqueira, pretende fomentar a reutilização de água na atividade vitivinícola”, adianta o referido comunicado.

O mesmo documento acrescenta que este protocolo “pretende reforçar as ações no âmbito da reutilização de águas residuais, reaproveitamento de lamas de estações de tratamento de águas residuais (ETAR); sustentabilidade e economia circular; e projetos de inovação, estando alinhado com o propósito do Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA), lançado em 2015”.

“É com enorme satisfação que anunciamos a assinatura de um protocolo com a AdP que estamos certos que se revelará extremamente benéfico para os produtores de vinho alentejano, ao nível da poupança de água, recurso muito escasso na nossa região, e que esperamos igualmente que possa resultar numa revolução na produção vinho em Portugal, que respeite mais o ambiente, promova a reutilização de água e, por conseguinte, que adote um novo paradigma, o da economia circular”, avança Francisco Mateus, presidente da CVRA.

O comunicado conjunto explica que “durante os dois anos de duração do protocolo, pretende-se desenvolver projetos de Investigação & Desenvolvimento (I&D) – em que se insere o Aqua Vini –,  através da promoção de candidaturas a programas de financiamento, de âmbito nacional e comunitário, de projetos de investigação, desenvolvimento e inovação; potenciar a participação conjunta em projetos cofinanciados; dinamizar atividades de sensibilização, ‘workshops’ e conferências; e promover iniciativas que fomentem a economia circular no Alentejo”.

De acordo com os responsáveis da AdP Valor, o Aqua Vini é um projeto “pioneiro” que permitirá estudar “a reutilização de água na atividade de regadio, os efeitos desta aplicação no desenvolvimento das culturas irrigadas e o impacto nos recetores ambientais solo e recursos hídricos, bem como nos sistemas de rega”.

“Sabendo nós que a agricultura é uma das maiores responsáveis pelo gasto de água em Portugal – cerca de 75% da água ao nível nacional é utilizado por esta área –, percebemos que a nossa responsabilidade é acrescida, que precisamos de agir e agir hoje no desenvolvimento de tecnologias e projetos que garantam que, no futuro, teremos uma viticultura que é sustentável em todo o país, possibilitando um futuro mais risonho para as pessoas, para os negócios e para o planeta”, remata João Barroso, coordenador do PSVA.

Recorde-se que Portugal está em risco de escassez de água até 2040, segundo o World Resources Institute, sendo o Alentejo uma das regiões que regista um mais baixo índice de precipitação e uma das mais afetadas por episódios extremos de ondas de calor.

A CVRA foi criada em 1989 e é responsável pela proteção e defesa da DOC – Denominação de Origem Controlada Alentejo e da Indicação Geográfica (IG) Alentejano, certificação e controlo da origem e qualidade, promoção e fomento da sustentabilidade.

“O Alentejo é líder nacional em vinhos certificados, com cerca de 40% de valor total das vendas num universo de 14 regiões vitivinícolas em Portugal. Com uma área de vinha de 22,9 mil hectares, 30% da sua produção tem como destino a exportação para cinco destinos principais, designadamente Brasil, Angola, EUA, Polónia e China”, assume a CVRA, adiantando que a região, é uma das duas únicas do mundo que produz vinho de talha há mais de dois mil anos.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.