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Viseu e o interior: um país onde só se chega por via digital

As Conferências Portugal Intereiro, da Altice em parceria com o JE, estacionaram em Viseu, cidade que faz parte dos “80% do território esquecido” por Lisboa. Ou por Lisboa e pelo Porto, como alguns preferem dizer.
  • Cristina Bernardo
10 Março 2020, 07h10

“Viseu está no zona esquecida do país, que é 80% do território nacional”, disse o presidente do Instituto Politécnico de Viseu, João Sá Paiva no ciclo de conferências Portugal Inteiro, da responsabilidade do grupo Altice em parceria com o Jornal Económico, organizado em Viseu. E só não está mais longe – como ficou claro de mais um dia de conferência, porque as autoestradas digitais não só fazem as vezes da estradas verdadeiras, mas também porque é delas que se servem os resistentes que continuam a viver para lá do litoral.

Seja do ponto de vista das empresas, da sociedade, da cultura e mesmo do mais simples ‘modo de vida’, as autoestradas digitais são aquilo que permite – para além da teimosia – a persistência de atividade nas regiões mais deprimidas e menos densamente povoadas.

Para todos os participantes na conferência da Altice e do DE a existência da opção digital é aquilo que permite a resiliência dos que lá estão, os negócios que dão emprego aos que lá ficam e mesmo que fazem surgir as oportunidades aos que, não sendo de lá, para lá querem seguir.

Mas a opção não é fácil. João Sá Paiva explicou que o Orçamento do Estado reduziu o apoio ao desenvolvimento do país que não faz parte das duas grandes áreas metropolitanas. “Ao invés de promover uma concorrência entre regiões, deve [o Estado] promoção a cooperação”, única forma de acrescentar às regiões deprimidas capacidade de atração de investimento e de fixação de empresas e pessoas.

As autarquias devem fazer a sua quota parte: o contributo dos investimentos públicos estruturantes, que teimam em passar ao largo da região de Viseu, são uma necessidade, explicou o presidente da câmara local, o social-democrata António Almeida Henriques. Mesmo assim, “há um eco-sistema que a região conseguiu fixar”, explanado nos clusters automóvel, farmacêutica, metalomecânica, das madeiras, que se encontram em redor da cidade de Viseu.

“O desenvolvimento nos últimos seis anos deu-se pela aposta nas novas tecnologias – muito com o contributo do Politécnico – o que levou 18 empresas do setor e mais de 700 engenheiros a fixarem-se na região”, disse Almeida Henriques.

“Dependemos só de nós, somos responsáveis pelos mais de 90 investimentos empresariais e mais de dois mil postos de trabalho” criados nos últimos três anos e meio. “Se não se criarem políticas que consolidem estas cidades-âncora, e não estou a pensar apenas em Viseu”, tudo pode ser deitado a perder, enfatizou Almeida Henriques.

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