O programa dos Vistos Gold ou ARI – Autorização de Residência para Atividade de Investimento e o Regime Fiscal para Residentes não Habituais (RNH), deram um impulso ao investimento estrangeiro no mercado imobiliário de luxo mas não é a principal razão para comprar casa em Portugal.
Efetivamente, estes programas foram fundamentais para colocar Portugal no destino dos investidores estrangeiros e continuam a ser de uma extrema importância na atual dinâmica do mercado imobiliário. “Mas, felizmente, já não são só estes programas que captam o interesse e o investimento de tantas nacionalidades que compram em Portugal”, revela Rafael Ascenso, diretor-geral da Porta da Frente / Christie’s, International Real Estate, uma empresa de mediação imobiliária que opera no mercado ‘prime’ ou de luxo.
Factores como a segurança, a qualidade de vida, o acolhimento e o baixo preço por m2 em comparação com outros destinos, têm feito, na opinião do responsável, com que cada vez mais investidores adquirem imóveis em Portugal, como aplicação financeira e para viver, sem solicitarem o Golden visa ou o RNH. “Muitos têm mudado o seu centro de interesses para o nosso país: a família e a atividade profissional”.
Visto gold passa a ser ‘bónus’
De facto, Fernando Goldman, director da Consultan, empresa de mediação imobiliário que atua também no segmento de luxo, acrescenta que os Vistos Gold nunca foram o principal motor do mercado imobiliário de luxo. “Têm tido um papel extremamente relevante, sendo sim um dos motores de propulsão, porém quando tratamos de imóveis com valores acima do milhão de euros, por exemplo, o visto gold passa a ser um ‘bónus’, que muitas vezes nem sequer é usado, dada a origem do comprador ser a UE”, explica. O responsável assegura que o que sustenta o mercado de luxo, acima de qualquer outro factor, é a existência de oferta. “E esta oferta só é possível com um conjunto de factores positivos, como um governo estável e as suas leis de incentivo à reurbanização, aos aspetos naturais e culturais”.
E se os brasileiros continuam no topo da lista, os franceses e chineses continuam também como os principais compradores em Portugal, mas já num ritmo mais maduro. No entanto, Fernando Goldman adianta que os ingleses estão cada vez mais fortes, dando a impressão de algum efeito do BREXIT. “Os turcos também representam uma parcela muito importante do mercado”.
Rafael Ascenso, acrescenta a esta lista o interesse crescente que vem da África do Sul e Suécia.” Existe também uma procura crescente dos países do médio oriente, americanos e de alguns países europeus com o Inglaterra, Espanha e Itália”.
Para o imobiliário de luxo, existem várias regiões mais procuradas, como os centros das cidades, Cascais e Algarve. O diretor da Porta da Frente / Christie’s, revela que existem grandes diferenças entre o mercado de Cascais e Lisboa. “Desde logo no estilo de vida de um e outro. Os clientes que procuram Cascais, normalmente são famílias com crianças que frequentam os colégios internacionais. São também casais e pessoas que procuram uma vida mais tranquila, virada para o exterior, para o desporto, praia, passeios, serra e golfe. Quem compra em Lisboa, procura uma vida mais cosmopolita, não dependente de automóvel, que quer passar umas temporadas ao ano nesta fantástica cidade. É também o destino prioritário daqueles que querem investir em imóveis para locação de curta, média e longa duração”, explica Rafael Ascenso.
Fernando Goldman, reforça esta posição. “É muito raro termos um cliente cuja procura é ‘tanto faz’ entre Lisboa e Cascais. Ou é um, ou é outro. Lisboa é para os que gostam da vida cosmopolita, Cascais é para quem gosta de viver mais próximo à natureza. O Algarve aparece como um terceiro perfil de mercado, com muito mais aderência aos cidadãos da UE do que de outros países emergentes, como os BRICs por exemplo. É um mercado de luxo mais vanguardista, que sempre nos surpreende pela qualidade e criatividade dos projetos”, esclarece o diretor da Consultan.
Quando se fala em imóveis de luxo, a opinião geral é que este mercado está a puxar pelos preços. A ‘bolha’ é referida várias vezes mas os dois responsáveis asseguram que os preços vão estabilizar. “Durante os últimos anos tivemos uma procura bastante forte que não foi acompanhada pela oferta. Pensamos que pela primeira vez a oferta está a equilibrada com a procura e por isso os preços tenderão a estabilizar. O que é bom, já que uma das nossas vantagens competitivas em relação a outros destinos de investimento concorrentes é exactamente o preço. Mas temos que fazer um esforço grande para encontrar novos mercados. O fluxo de clientes provenientes do Brasil, China e França vai provavelmente abrandar”, revela Rafael Ascenso.
Mercado está a entrar na sua fase madura
Já Fernando Goldman, admite que o mercado está a entrar na sua fase madura, tendo a partir de agora, um crescimento dos preços mais orgânico. O argumento do desequilíbrio entre oferta e procura perde força na medida em que os preços chegam a patamares cujos clientes não aceitam mais pagar, mesmo que possam fazê-lo. “E isso é uma boa notícia, pois a atual conjuntura pressiona o preço dos ativos para desenvolvimento (prédios, terrenos, etc) e gera uma especulação negativa. Os promotores já não aceitam entrar nos negócios a qualquer preço e isso trará ainda mais solidez ao mercado. Isso levará à maturidade plena do mercado, algo que Portugal merece”, conclui.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com