A viúva do cidadão ucraniano que morreu à guarda do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) do aeroporto de Lisboa revelou que teve de pagar a transladação do corpo do marido do seu próprio bolso. Em entrevista à SIC, Oksana Homeniuk disse ainda não ter recebido qualquer apoio do Estado português.
A viúva de Ihor Homeniuk, que faleceu a 12 de março, contou também que os filhos do casal ainda não sabem o que aconteceu ao certo. Oksana garante não querer qualquer compensação financeira, mas não consegue esconder a raiva para com a República Portuguesa.
“De cada vez que oiço a palavra Portugal… fiquei com tanto ódio a este país. Não quero dinheiro nenhum, só queria que mo trouxessem de volta”, afirmou, visivelmente emocionada.
O caso está agora, nove meses depois da ocorrência, a causar polémica em Portugal. Cristina Gatões, a diretora do serviço, demitiu-se na passada quarta-feira, mas são vários os partidos que pedem que Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna, que tutela o SEF, também se demita.
Ihor Homeniuk foi detido pelo SEF à chegada a Lisboa vindo de Istambul, onde foi violentamente agredido por três inspetores, um deles armado com um bastão extensível, encontrando-se amarrado e drogado com Diazepam. O homem acabaria por falecer, sendo que os inspetores tentaram ainda registar a entrada do ucraniano de 40 anos no Instituto de Medicina Legal como de um homem encontrado na via pública.
O Governo anunciou, na sequência desta ocorrência, a implementação de um botão de pânico em todas as salas de detenção do SEF no aeroporto de Lisboa, bem como a promoção de uma separação muito clara entre funções policiais e administrativas no serviço.
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