Em finais de outubro, os mercados mostravam um otimismo crescente para o Brasil. A bolsa de São Paulo renovava máximos históricos e o real valorizava. Chegou a cotar abaixo de R$4,00 por dólar, o que não acontecia desde meados de agosto. Vários analistas anunciaram revisões em alta para o crescimento, sobretudo o de 2020.

Este otimismo tinha como base o avanço de algumas reformas ao nível da Previdência e dos gastos da União, mas também a descida da taxa de juro para mínimos históricos (a Selic deve fechar o ano nos 4,5%) e a preparação de um amplo programa de privatizações que se espera venha a resultar na entrada de montantes generosos de investimento estrangeiro.

O contexto mudou no início de novembro. O resultado das eleições na Argentina e os acontecimentos no Chile e na Bolívia relembraram aos investidores que na América Latina as coisas podem mudar muito rapidamente. No Brasil, e no mesmo registo, a libertação de Lula pode prenunciar maior conflitualidade política e social no futuro. A tudo isto deve somar-se a escassa procura estrangeira nos leilões para exploração de recursos petrolíferos, que lançou a dúvida sobre o interesse estrangeiro nas privatizações brasileiras.

Rapidamente, e apanhando o mercado de surpresa, o real brasileiro passou de um cenário de alta para cotar novamente muito perto dos seus mínimos históricos, nas imediações de R4,20 por dólar.