O binómio que envolve a propagação da pandemia Covid-19 e as medidas das autoridades mundiais (governos e bancos centrais) para atenuar o impacto económico continua a fazer com que os mercados norte-americanos sejam marcados pela volatilidade. A bolsa de Nova Iorque regressou às perdas, depois de ter terminado a última semana com fortes ganhos, os maiores (diários) desde a crise financeira de 2008.
Esta segunda-feira, os três principais índices de Wall Street iniciaram a sessão em terreno negativo, um dia depois de a Reserva Federal (Fed) ter anunciado um corte extraordinário da taxa de juro – de 100 pontos base – para um intervalo entre 0% e 0,25% e um plano de recompra de dívida, que inclui obrigações e instrumentos indexados ao crédito hipotecário, para manter a liquidez da praça e ‘segurar’ o dólar.
A queda acentuada levou, pouco depois, à suspensão das negociações pela terceira vez seis dias. Apesar dos estímulos, os investidores aparentam não saber o que fazer nos próximos tempos.
Aquando da “reabertura”, o Dow Jones perdia 10,57%, para 20.734,66 pontos, e o financeiro S&P 500 tombava 10,61%, para os 2.427,30 pontos. Já o Nasdaq cai 9,60%, para 7.130,56 pontos, e o Russel 2000 desvaloriza 9,20%, para 1.064,65 pontos.
“O sell-off volta a ser generalizado”, afirma Ramiro Loureiro, trader do Millennium bcp, numa nota de mercado enviada pouco antes da abertura do mercado.
Na Europa, o sentimento é semelhante, tendo em conta que as bolsas de Lisboa, Madrid, Milão, Frankfurt, Paris ou Amesterdão estão a cair entre 7 e 12%.
“O difundir da doença tem-se sobreposto às medidas adotadas pelos diversos governos e bancos centrais. Até agora, as autoridades têm-se centrado na política monetária, cujos resultados têm sido, pelo menos no curto prazo, bastante limitados. Não é de excluir que estas medidas tão extremas dos Bancos Centrais não transmitam, entre alguns investidores, um sentimento de que a emergência é maior do que a perceção do mercado”, referem os analistas do CaixaBank/BPI Research.
O preço do petróleo também está a cair fortemente. A cotação do barril de Brent está a cair 10,75%, para 30,24 dólares, enquanto a cotação do crude WTI perde 8,35%, para 29,43 dólares por barril.
Quanto ao mercado cambial, o euro aprecia 0,41% face ao dólar (1,1151) e a libra esterlina “desvaloriza” 0,13% perante a divisa dos Estados Unidos (1,2260).
Os analistas do Bankinter dizem que “devemos esperar mais um pouco pela estabilização, com cabeça fria”. “A recompensa é sempre de médio ou longo-prazo, enquanto o ruído é sempre de curto-prazo”, explicam.
Notícia atualizada às 14h05
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