A Web Summit voltou a animar negócios e investimentos nas áreas tecnológicas e de serviços, na sua décima edição em Portugal desde 2016. Mais de 70 mil pessoas, 1000 investidores, 900 oradores e 2500 startups mostram que esta cimeira colocou mesmo Lisboa no mapa mundial dos grandes eventos.
Só o Brasil trouxe perto de 400 empresas e é a maior delegação internacional, num interesse crescente desde a primeira edição da WS em Lisboa e, decerto, por efeito da aposta de Paddy Cosgrave também no Brasil. Mas há forte uma presença de representantes de países ou mercados de todas as regiões, com stands surpreendentes como a Sérvia ou Qatar, além dos poderosos Alemanha e Espanha que vêm à procura de investidores a Lisboa.
Além das delegações, a habitual participação de empreendedores de todo o mundo que enchem os hotéis, restaurantes e vários eventos ligados à Web Summit, justificaria serem contactados pelo Turismo de Portugal e pela AICEP para voltarem, em trabalho ou férias, à capital portuguesa. Este é um momento especial de promoção do país que exigiria follow-up e foco na atração de investimento além da Web Summit.
Uma das boas notícias do evento deste ano foi revelada pelo ministro das Finanças e vai, precisamente, neste sentido: o pipeline de investimento privado vale “mais de 20% do PIB”, nos próximos anos, em especial nas áreas da tecnologia, energia e serviços. Joaquim Miranda Sarmento reiterou, aliás, o discurso do seu colega Gonçalo Saraiva Matias, ministro da Reforma do Estado, ao admitir que é necessário reduzir a burocracia e resolver o problema da falta de mão de obra.
“Muitas grandes multinacionais estão a mudar-se para Portugal e a ter aqui os seus centros partilhados, levando milhares de jovens trabalhadores altamente qualificados para as suas empresas”, afirmou Miranda Sarmento. O desafio passa por Portugal conseguir atrair e reter talento, manter as contas públicas equilibradas e ter previsibilidade e estabilidade, o que é vital para os decisores empresariais.
Outra notícia relevante foi dada por Brad Smith, presidente da Microsoft, ao anunciar um investimento de dez mil milhões de dólares, em Sines. O centro de dados da Start Campus vai acolher 12.600 placas gráficas “de última geração Nvidia Blackwell Ultra GB300 e será, segundo o próprio CEO da multinacional norte-americana, “um dos maiores investimentos em capacidade computacional de IA na Europa”, num país “líder no desenvolvimento de IA escalável, segura e sustentável”.
Brad Smith destacou, no arranque da Web Summit, que “os países estão a competir na Europa por financiamento público da União Europeia para construir uma gigafábrica e uma competição intensa. Portugal já ganhou a licitação com a Microsoft porque decidimos que vamos construir esta fábrica de IA em Sines”. É caso para dizer que a cidade de Vasco da Gama acolhe agora os novos descobridores de Portugal e é desse investimento de qualidade que o país precisa.
No próximo ano, Portugal vai receber a décima primeira edição da Web Summit Lisboa – um evento tecnológico que começou em Dublin, em 2009, e ganhou escala em Portugal. Haverá nova negociação das autoridades portuguesas com Paddy Cosgrave, mas espera-se que o bom senso prevaleça, sabendo que o Governo entende a relevância desta cimeira para a imagem e reputação mundial do país, com resultados visíveis na captação de investimento e geração de emprego.



