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Zonas ‘duty free’ agregam negócio de mais de 60 mil milhões

Não pagar impostos é a motivação de uma atividade comercial que já não é monopólio dos aeroportos e que deverá chegar aos 75 mil milhões em 2020.
  • Rafael Marchante/Reuters
19 Março 2019, 07h45

O negócio de retalho concentrado principalmente nos aeroportos – nas zonas ‘duty free’, isentas de impostos – agrega uma fatura planetária de mais de 60 mil milhões de euros anuais e é liderado pela moda, acessórios e perfumaria, bebidas alcoólicas e tabaco. O negócio expandiu-se a ‘reboque’ da indústria do turismo – que se multiplicou exponencialmente com as companhias aéreas low cost – e é cada vez mais importante para uma vasta linha de setores, nomeadamente no que tem a ver com as marcas de luxo.

Segundo um estudo da Duty Free World Council (DFWC), a moda e a perfumaria, líderes das escolhas do consumidor em trânsito nos aeroportos, agregam cerca de 50% da totalidade do negócio das zonas ‘duty free’, que em 2017 atingiram uma faturação de 62 mil milhões de euros.

Em 2020, este negócio específico deverá atingir aos 75 mil milhões de euros, e o seu espectro não deverá sofrer grandes alterações: a moda, acessórios e a perfumaria continuarão a agregar quase 50% dos gastos dos viajantes, para, logo a seguir, surgirem as bebidas alcoólicas (16,7%), o tabaco (10,9%), artigos de relojoaria e joalharia (8,3%), artesanato (7,3%) e artigos eletroeletrónicos, brindes e outros itens (7%).

As origens do ‘travel retail’ datam de 1947, ano em que o aeroporto irlandês de Shannon obteve a primeira licença para introduzir o comércio isento de impostos nas zonas de acesso aos aviões quer partiam para fora da sua geografia. A partir daí, os aeroportos sem alfândega começaram a proliferar e já nos anos 60, quando o turismo começou a crescer, o setor de comércio de viagem disparou: os aeroportos de Bruxelas, Düsseldorf, Osaka, Olso, Londres, Frankfurt, Miami, Amsterdão e Tel Aviv têm desde essa altura as suas zonas ‘duty free’.

Nas últimas décadas, à ‘boleia’ do fenómeno da globalização, o número de voos internacionais, escalas e estadias em aeroportos disparou. E os aeroportos perderam este interessante monopólio: os cruzeiros marítimos em águas internacionais, as vendas a bordo dos aviões em voos internacionais e mesmo algumas estações ferroviárias internacionais estabeleceram as suas próprias zonas francas. O resultado foi que o comércio ‘duty free’ também cresceu.

Segundo dados do DFWC, de 1985 a 2017, as compras processadas pelo sistema ‘travel retail’ multiplicou-se por dez: de menos de seis mil milhões em meados dos anos 80 para um recorde os 62 mil milhões registados em 2017. Como seria de supor, os acontecimentos com impacto internacional coincidem com a diminuição dos negócios: os ataques de 11 de setembro em 2001; a guerra no Iraque em 2002; a crise económica global de 2008 ou a tensão entre a Rússia e a Ucrânia em 2014, não foram bons para o comércio.

Por região, é na Ásia-Pacífico que os negócios são maiores, somando 44,6% do total da receita global ‘duty free’ em 2017. A Europa surge a seguir (29,2%), depois as Américas (16,5%), Médio Oriente (8,6%), e finalmente a África (1,2%).

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