Um partido como o PAN é imprescindível numa democracia como a nossa. O que me abriu os olhos para isto foi a vergonha que se passou no Festival de Camelos do Rei Abdulaziz na Arábia Saudita, no concurso de beleza para estes animais, com 32 milhões de dólares de prémios. Ora, este ano 12 camelos foram desclassificados devido a injeções de botox, que lhes aumentaram os lábios e o nariz. Pura ganância dos donos! Os animais é que sofrem, os mesmos animais que eram indispensáveis aos seus donos, a quem forneciam transporte e, até, alimentação.
Se a exploração do homem pelo homem é há muito reprovada e punida nas sociedades modernas, não se compreende como o amigo do homem pode ser vítima de comportamentos bárbaros como este. Isto quando ao mesmo tempo o animal se sacrifica pelo homem. Por exemplo, em 2011, no Canadá, o “drug lord” Allen Piche tinha a guardar a sua plantação de marijuana dez ursos negros, que nem salário mínimo ganhavam – eram pagos com comida de cão. No mesmo ano, na Áustria, um guarda do jardim zoológico foi despedido por cultivar marijuana na jaula dos rinocerontes. Coitados dos animais, nem sabiam no que estavam metidos e até ficaram, no caso dos ursos, desempregados, sem segurança social porque não se lhes reconhece esse direito.
Portanto, ainda bem que a classe política inclui quem defenda os direitos dos animais. Ou não fosse o homem, para citar Aristóteles, um animal – no caso, um animal político, o que é outra injustiça para com os animais. Queria o grego dizer que os humanos têm a capacidade única de organizar a sociedade, o que é outra mentira, pois mais organizada é a “sociedade” numa colmeia e a divisão do trabalho nos formigueiros é muito superior à nossa.
Aliás, os animais políticos são classificados a partir dos animais propriamente ditos, curiosamente com os nomes científicos em inglês, em vez do latim. Outra injustiça – porque têm os animais a sério que apanhar com uma língua morta, e usar-se uma bem viva para os políticos? Para os curiosos, esta espécie divide-se em: “dark horse”, o do sucesso inesperado; “young turk”, o rebelde; “deep water fish”, o estratega fino; “gerrymander”, o manipulador e chico-esperto; “pork barrel”, que compra votos com o dinheiro do Estado; “duckbill platitude”, o das grandes declarações prosaicas; “lame duck”, o que só lá está enquanto esperamos outro; e finalmente o mais nobre de todos, o “statesman”, que se pensa estar extinto por não ser visto há muitos anos. Agora se se quer divertir, pegue numa lista dos nossos políticos e comece a classificá-los. Não desanime. E não vale desistir a meio… ou logo no princípio.