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António Costa e Santos Silva divergem sobre a ‘geringonça’

Santos Silva disse que o compromisso entre o PS e os partidos que apoiam o executivo deve ser aprofundado, mas o primeiro-ministro acha que não. De qualquer modo, não é matéria que esteja em cima da mesa.
Cristina Bernardo
12 Julho 2018, 18h25

O primeiro-ministro António Costa não concorda com afirmações do ‘seu’ ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, o número dois do Governo, sobre o futuro da atual solução política governativa, que passa pelo apoio parlamentar ao executivo do PS por parte do PCP e do Bloco de Esquerda, sem que estes nele tomem lugar.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, em entrevista ao Público e à Rádio Renascença, defendeu que a “renovação da atual solução política” vai exigir “um nível de comprometimento superior àquele que se verifica neste mandato”, o que incluiria a política externa e europeia – matérias que dividem o PS do BE, PCP e PEV”.

Costa quis contrariar esta ‘teoria’ de Santos Silva, ao afirmar que “este é o grau de compromisso possível com a convergência que alcançámos. Ora, o que corre bem não deve ser perturbado nem interrompido”, afirmou ao jornal Público, contrariando a posição do ministro dos Negócios Estrangeiros.

“Nem um optimista irritante como eu acredita que seja possível superar divergências que são identitárias. Mas também não considero que seja necessário. Como provámos nesta legislatura, podemos entender-nos sobre o que queremos fazer em conjunto, respeitando a identidade de cada um”, defendeu o primeiro-ministro.

Resta saber o que dirão sobre a matéria os partidos envolvidos na questão. Mas, para já, todos são omissos nessa matéria – o que faz sentido, dado que qualquer discussão pública sobre o assunto só conseguiria criar ruído, numa altura em que, entre outras coisas importantes, as forças de esquerda estão empenhadas na análise e discussão do próximo Orçamento do Estado.

Aparentemente, a pressa com que o primeiro-ministro quis ‘interromper’ o debate que se formara em torno das declarações de Santos Silva têm precisamente a ver com isso.

 

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