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BCP precisa da Sonangol para novo aumento de capital

Para pagar os CoCo´s e ter um rácio de capital core de 11%, o BCP precisa de um aumento de capital de 1.000 milhões. Mas a Sonangol tem de deixar.
Cristina Bernardo
25 Novembro 2016, 06h09

O BCP tinha preparado um aumento de capital muito superior ao que foi aprovado em Conselho de Administração para a entrada da Fosun, de 175 milhões de euros. Mas chegada a hora (fim da semana passada) a Sonangol não aprovou em Conselho de Administração um aumento de capital de grande dimensão, pois exige ter a autorização prévia do BCE para ter 30% do BCP. Uma pretensão que tem a finalidade de deixar a petrolífera angolana com os mesmos direitos que os chineses da Fosun.

Tendo a Sonangol se oposto ao aumento de capital do BCP, a assembleia geral que vai discutir a alteração do limite de votos de 20% para 30%, foi adiada para 19 de dezembro, na esperança de que até lá haja luz verde do regulador bancário europeu.
Fontes conhecedoras do processo dizem que a autorização do BCE será pacífica, mas também é verdade que tendo autorizado em tempo recorde a entrada da Fosun no BCP (em três meses) o BCE ainda não deu luz verde ao pedido da Sonangol e tem o sistema financeiro angolano na categoria de elevado risco (desde que o retirou da lista da equivalência da supervisão bancária com o BCE).

Qual é o aumento de capital que o BCP precisa?
Em primeiro lugar o banco liderado por Nuno Amado precisa de 750 milhões de euros para pagar os CoCo´s que ainda deve ao Estado. No último domingo Luís Marques Mendes disse à SIC: “ao que apurei, o BCP vai pagar ao Estado, o mais tardar até Fevereiro de 2017, os 750 milhões de euros do empréstimo que o Estado lhe fez”.

O BCP tinha em setembro um rácio de ‘common equity tier 1’ (CET1) de 9,5%, na versão ‘fully implemented’. Com a entrada da Fosun, e com o aumento de capital inerente, terá passado para 10%. Se pagarem os CoCo´s passam a um rácio de capital de 8%, e o banco tem o objectivo de chegar a 2018 com 11% de CET1 (‘fully implemented’). Sendo os ativos ponderados pelo risco de 37,8 mil milhões de euros, os três pontos percentuais que o banco precisa para um CET1 de 11% representam um aumento de capital de 1.000 milhões de euros (750 milhões dos CoCos e mais 1% dos RWA – ativos ponderados pelo risco).
Mas o BCP pode ainda optar por fazer uma maior limpeza do balanço através de imparidades para crédito e aí é uma incógnita. Sendo que o banco já tem uma cobertura de NPE (ativos problemáticos) de quase 100% e de 60% sem contarmos com os colaterais. É uma das maiores coberturas do sistema.

A Sonangol opôs-se ao último aumento de capital porque se o aprovasse, e como não pode ir além dos 20% neste momento no capital do BCP, iria voltar a diluir ainda mais a sua participação acionista.
Depois do aumento de capital por ‘private placement’ que permitiu a entrada da Fosun, estes passaram a maiores acionista do banco com 16,7% (a Sonangol diluiu para 14,9%).

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