Chama-se Tilray e é uma das maiores empresas de produção de canábis e derivados para fins medicinais. Depois do Canadá, Alemanha, Austrália e Nova Zelândia, a multinacional quer prepara-se para abrir portas em Portugal, mais precisamente em Cantanhede, no distrito de Coimbra, adianta a Reuters.
Para tal foi criada, em março, a Tilray Portugal, através da qual a casa-mãe pretende investir, até 2020, um total de 20 milhões de euros no país, com o intuito de aumentar a produção para ir ao encontro do aumento da procura que tem sido registado no mercado europeu.
A escolha de Portugal deveu-se ao acesso que o país tem ao mercado comum, mas também à sua força laboral altamente qualificada na área da biotecnologia, conforme afirma o seu CEO, Brendan Kennedy, à Lusa. Mas o principal fator foi o clima luso, favorável ao crescimento da planta. “Portugal tem o clima ideal (…). O clima foi extremamente importante [na escolha], porque podemos produzir produtos [de canábis] mais amigos do ambiente”, disse Kennedy.
Para que servirá o dinheiro?
Os 20 milhões de euros que a Tilray pretende investir em Portugal servirão para a criação de um polo produtivo nas imediações do parque biotecnológico BIOCANT em Cantanhede. A construção das infraestruturas deverá decorrer em duas fases: ainda este mês deverá iniciar-se a construção de instalações para cultivo e processamento da canábis, incluindo uma estufa de 10.000 m2, instalação de processamento com 1.500 m2, laboratório interno e banco genético. A primeira fase deverá estar concluída nos primeiros meses de 2018 e permitir que a Tilray aumente a sua “capacidade de produção global em 62 toneladas anuais, até ao final de 2018”.
A segunda fase decorrerá até 2020. Incluirá mais 15 mil m2 de espaço de cultivo em estufa e 1.500 m2 destinados de área de processamento, para um total de 25.000 m2 de estufas e 3.000 m2 de outras instalações. Segundo a empresa canadiana, a operação da Tilray em Cantanhede empregará 100 pessoas.
A canábis medicinal e os produtos derivados serão exportados para a Europa, principalmente para o mercado alemão, cujo Governo legalizou, no início deste ano, a utilização de canábis para fins terapêuticos. Mas a Tilray quer fazer mais em Portugal que produzir canábis. Brendan Kennedy afirma à Lusa que a empresa pretende investigar em Portugal qual a eficácia da canábis em várias doenças, como stress pós-traumático (PTSD), doença pulmonar obstrutiva crónica, epilepsia pediátrica e náuseas provocadas pela quimioterapia, o que será levado a cabo através de parcerias com investigadores académicos e hospitalares, tal como acontece noutros países.
Contactos antigos
Remontam a 2015 os primeiros contactos entre a Tilray e as autoridades portuguesas para o estabelecimento de uma unidade de plantação e produção de canábis em Portugal. No ano seguinte, foi feito um acordo com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) com vista à concretização do investimento e, em novembro, à margem da Web Summit, Brendan Kennedy já tinha revelado estar “em conversações” com o Governo português.
Recorde-se que o uso de canábis para fins medicinais é proibido em Portugal. Tal como havia sido noticiado no início deste ano, o Bloco de Esquerda está a preparar um diploma para legalizar este uso, o que foi confirmado à agência noticiosa portuguesa por fonte oficial do partido.
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