Uma equipa internacional, da qual faz parte um investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), descobriu o planeta fora do sistema solar mais próximo da Terra, onde pode existir vida.
O Ross 128 b “é o mais próximo exoplaneta [que gira em torno de uma estrela fora do sistema solar] do tamanho da Terra, a orbitar uma estrela anã vermelha [estrela com pequena massa e de temperatura “baixa”] pouco ativa, o que aumenta as hipóteses de poder albergar vida”, indica um comunicado remetido à agência Lusa pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).
“Muitas estrelas anãs vermelhas, incluindo a Próxima Centauri (a mais próxima do Sol), têm ocasionalmente fenómenos explosivos, que banham os planetas com doses letais de raios X e radiação ultravioleta, fenómenos podem esterilizar potenciais formas de vida nesses planetas”, acrescenta a nota informativa.
Este exoplaneta, detetado pelo espetrógrafo HARPS – instalado no telescópio ESO, no Chile -, encontra-se a 11 anos-luz de distância da Terra e orbita a sua estrela uma vez a cada dez dias, a uma distância cerca de 20 vezes mais próxima do que a que separa a órbita da Terra do Sol.
No entanto, “por ser uma estrela anã vermelha pouco ativa, com pouco mais de metade da temperatura do Sol, a radiação com que a estrela banha o planeta é apenas 1,38 vezes superior à irradiação que chega à Terra”, lê-se no comunicado.
Como resultado disto, “as estimativas para a temperatura do planeta variam entre -60 graus centígrados e 20 graus centígrados, mas devido à incerteza nestes cálculos, ainda não é certo se o planeta está dentro, ou imediatamente fora, da zona de habitabilidade da sua estrela”, acrescenta a nota informativa.
De acordo com Ricardo Reis, do grupo de comunicação do IA, a zona de habitabilidade é a zona a partir da qual um planeta está à distância correta da sua estrela para poder ter água líquida à superfície.
“Em estrelas anãs vermelhas como esta, a zona de habitabilidade é mais próxima, podendo o exoplaneta ter condições para albergar vida, mas há outros fatores determinantes, como o facto de haver radiação ou se tem massa suficiente para ter atmosfera”, disse Ricardo Reis à Lusa.
Apesar de atualmente estar a 11 anos-luz da Terra, o sistema Ross 128 vai-se aproximando da Terra, e espera-se que se torne o vizinho mais próximo dentro de 71.000 anos, ultrapassando o Próxima b, que orbita a estrela Próxima Centauri.
A descoberta deste planeta “ilustra a capacidade já existente para encontrar, e no futuro caracterizar em detalhe e de forma recorrente, planetas que reúnam as condições necessárias para a presença de vida”, referiu Nuno Cardoso Santos, astrofísico do IA e da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).
A equipa do IA, referiu, está a trabalhar “arduamente para atingir esse objetivo”, tendo traçado um plano que inclui participações em missões espaciais da Agência Espacial Europeia (ESA) e em vários equipamentos do ESO, como o ELT ou o espetrógrafo ESPRESSO, que entrará em funcionamento ainda este mês e tem por objetivo procurar e detetar planetas parecidos com a Terra, capazes de suportar vida.
O resultado desta descoberta deu origem ao artigo “A temperate exo-Earth around a quiet M dwarf at 3.4 parsecs”, publicado na Astronomy & Astrophysics, estando disponível na versão ‘online’.
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