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Empresas portuguesas suspeitas de importar madeira ilegal da Amazónia

Estudo da Greenpeace Brasil coloca Portugal como o terceiro maior importador mundial de madeira de ipê do Pará, na Amazónia, no período entre 25 de outubro e 4 de novembro do ano passado, referenciando nove empresas nacionais que poderão ter comprado madeira ilegal.
20 Março 2018, 17h42

Um estudo da Greenpeace Brasil suspeita de práticas ilegais de abate de árvores de madeira exótica na Amazónia e referencia nove empresas portuguesas como importadoras dessa matéria-prima.

Nesse estudo, realizado pela Greenpeace Brasil, entre 25 de outubro e 4 de novembro de 2017, no estado do Pará, e dedicado especialmente aos dados sobre o abate de uma árvore exótica da Amazónia, o ipê, Portugal como o terceiro maior importador mundial deste tipo de madeira, com um total de 1.862,24 metros cúbicos importados durante o período em análise.

Acima de Portugal, apenas figuraram os Estados Unidos (10.170,84 metros cúbicos) e a França (3.002,51 metros cúbicos) como maiores importadores da madeira de ipê.

A lista das empresas portuguesas importadoras deste tipo de madeira exótica da Amazónia conta com a Globaldis (uma participada da Vicaima), Engimov (Braga), J. Vieira de Andrade (Rebordosa), Global Gold Forest e GWP – Global Gold Forest (Fátima), J. Pinbto Leitão (Palmela), Ferreira Martis & Filhos – Medeiras e Derivados (Braga), Listimber Unipessoal (Matosinhos), Lumber Xorca Timber Trading (Santo Tirso) e Playmade – Comércio de Madeiras (Barcelos).

A Greenpeace Brasil inclui ainda mais duas empresas como importadoras portuguesas de madeira de ipê, mas a Timberlink Wood and Forest Gmbh é uma firma germano-dinamarquesa e a Vogel Import Export NV é belga, que devem ter optado por fazer as importações da madeira via Portugal.

“As seis AMF [Áreas de Manejo Florestal ou Áreas de Gestão Florestal] investigadas apresentaram evidências de diferentes estratégias utilizadas para inflacionar o volume de Ipê [abatido] nos inventários florestais dos PMFS [Planos de Manejo Florestal Sustentável]”, conclui o estudo da Greenpeace Brasil, apontando como irregularidades “identificação botânica incorreta, sobredimensionamento e a listagem de árvores não existentes entre as diversas estratégias utilizadas”.

Segundo a Greenpeace Brasil, “no presente, embora os inquéritos técnicos do Semas [Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade] detetem volumes sobredimensionados em cerca de 50% das árvoras que integraram as amostras de estudo, a exploração madeireira continua a ser permitida, sendo a única sanção a exigência de assumir medidas corretivas na campanha florestal seguinte”.

“De forma evitar perdas irreparáveis der espécies com elevado valor comercial e a biodiversidades a elas associada – e, de forma mais generalizada, para evitar a degradação causada pela indústria madeireira ilegal, com os seus impactos negativos na biodiversidade da floresta [amazónica] e nas comunidades locais, assim como nos impactos climáticos mais alargados – é importante que a produção, o abate e a comercialização de madeira seja travada até que os problemas atuais dos sistemas de licenciamento e de controlo sejam solucionados”, defende a Greenpeace Brasil.

Segundo esta organização ambientalista, “isto permitirá ao mercado assegurar que a produção é legal, sustentável  e respeita as comunidades locais”.

“Sem esta medida, os consumidores nacionais e internacionais de madeira tropical do Brasil continuarão expostos a práticas ilegais. Enquanto a situação se mantiver, deve-se considerar a madeira da Amazónia como de alto risco e suspender todas as compras”, recomenda o relatório da Greenpeace Brasil.

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