Um estudo da Greenpeace Brasil suspeita de práticas ilegais de abate de árvores de madeira exótica na Amazónia e referencia nove empresas portuguesas como importadoras dessa matéria-prima.
Nesse estudo, realizado pela Greenpeace Brasil, entre 25 de outubro e 4 de novembro de 2017, no estado do Pará, e dedicado especialmente aos dados sobre o abate de uma árvore exótica da Amazónia, o ipê, Portugal como o terceiro maior importador mundial deste tipo de madeira, com um total de 1.862,24 metros cúbicos importados durante o período em análise.
Acima de Portugal, apenas figuraram os Estados Unidos (10.170,84 metros cúbicos) e a França (3.002,51 metros cúbicos) como maiores importadores da madeira de ipê.
A lista das empresas portuguesas importadoras deste tipo de madeira exótica da Amazónia conta com a Globaldis (uma participada da Vicaima), Engimov (Braga), J. Vieira de Andrade (Rebordosa), Global Gold Forest e GWP – Global Gold Forest (Fátima), J. Pinbto Leitão (Palmela), Ferreira Martis & Filhos – Medeiras e Derivados (Braga), Listimber Unipessoal (Matosinhos), Lumber Xorca Timber Trading (Santo Tirso) e Playmade – Comércio de Madeiras (Barcelos).
A Greenpeace Brasil inclui ainda mais duas empresas como importadoras portuguesas de madeira de ipê, mas a Timberlink Wood and Forest Gmbh é uma firma germano-dinamarquesa e a Vogel Import Export NV é belga, que devem ter optado por fazer as importações da madeira via Portugal.
“As seis AMF [Áreas de Manejo Florestal ou Áreas de Gestão Florestal] investigadas apresentaram evidências de diferentes estratégias utilizadas para inflacionar o volume de Ipê [abatido] nos inventários florestais dos PMFS [Planos de Manejo Florestal Sustentável]”, conclui o estudo da Greenpeace Brasil, apontando como irregularidades “identificação botânica incorreta, sobredimensionamento e a listagem de árvores não existentes entre as diversas estratégias utilizadas”.
Segundo a Greenpeace Brasil, “no presente, embora os inquéritos técnicos do Semas [Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade] detetem volumes sobredimensionados em cerca de 50% das árvoras que integraram as amostras de estudo, a exploração madeireira continua a ser permitida, sendo a única sanção a exigência de assumir medidas corretivas na campanha florestal seguinte”.
“De forma evitar perdas irreparáveis der espécies com elevado valor comercial e a biodiversidades a elas associada – e, de forma mais generalizada, para evitar a degradação causada pela indústria madeireira ilegal, com os seus impactos negativos na biodiversidade da floresta [amazónica] e nas comunidades locais, assim como nos impactos climáticos mais alargados – é importante que a produção, o abate e a comercialização de madeira seja travada até que os problemas atuais dos sistemas de licenciamento e de controlo sejam solucionados”, defende a Greenpeace Brasil.
Segundo esta organização ambientalista, “isto permitirá ao mercado assegurar que a produção é legal, sustentável e respeita as comunidades locais”.
“Sem esta medida, os consumidores nacionais e internacionais de madeira tropical do Brasil continuarão expostos a práticas ilegais. Enquanto a situação se mantiver, deve-se considerar a madeira da Amazónia como de alto risco e suspender todas as compras”, recomenda o relatório da Greenpeace Brasil.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com