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Imobiliário rural de luxo: negócio de milhões

O imobiliário de luxo rural vai muito além dos imóveis e os investidores apostam também em atividades turísticas e agro-pecuárias.
23 Dezembro 2016, 05h19

O mercado imobiliário de luxo não se resume apenas às principais cidades de Portugal. Apesar de estar muito associado a Lisboa, a Cascais ou Estoril e também à região do Algarve, este mercado é igualmente procurado nas zonas rurais do país. Também aqui o interesse de investidores estrangeiros é dominante. Tal como nas cidades, a maioria das aquisições são essencialmente para investimento. Contudo, neste segmento específico, verifica-se um interesse em investir em atividades turísticas, agro-pecuárias e outras explorações agrícolas. Isto significa que Portugal capta investidores estrangeiros, além do imobiliário de luxo.
Francisco Grácio, administrador da PortugalRur, empresa de mediação imobiliária especializada na promoção e venda de imóveis rurais exclusivos e imóveis de luxo e investimento, revela ao Jornal Económico que em termos de imobiliário em espaço rural, a grande procura está focada nas regiões do Alentejo e Douro. “No caso do Alentejo, as propriedades na zona de Alqueva, com acesso direto à albufeira, são as mais procuradas e as que têm sofrido maior inflação de preços nestes últimos anos. O potencial turístico e agrícola é enorme, o que justifica o aumento do valor por hectare”, explica.

Seguem-se as grandes herdades com produção de cortiça, vinha e floresta, altamente procuradas por investidores com interesse nessas atividades e ainda na agropecuária. Segundo o responsável, as rentabilidades destas propriedades são de 10% a 12% ao ano, o que faz com que seja um mercado muito dinâmico e seguro para investidores. “Ainda no Alentejo, mas em termos de prédios urbanos, temos o caso singular de Évora, que está com uma grande procura. Depois, um pouco por todo o país, e ainda em termos de propriedades em espaço rural, casas senhoriais, palacetes, quintas e solares, são propriedades muito apetecíveis para investimentos turísticos”, adianta Grácio.

O Douro, a seguir ao Alentejo, é a segunda região do país com maior procura de propriedades. Todavia, o responsável admite que a disponibilidade de oferta no mercado é inferior. São procuradas quintas com produção de vinho e também imóveis premium para investimentos turísticos.

O administrador garante que o imobiliário em espaço rural é sobretudo de investimento. Palacetes, casas senhoriais ou quintas, na sua esmagadora maioria, são adquiridas com a perpectiva de investimento. Esses imóveis, depois de restaurados e adaptados, dão lugar, sobretudo, a hotéis charme e 5 estrelas e a unidades de turismo de habitação e rural de elevada qualidade. “Há também um aumento da procura desse tipo de imóveis para habitação, mas é residual. Essa procura é sobretudo transacionada por estrangeiros que pretendem vir viver para o nosso país”, esclarece.

No entanto, existem muitos portugueses que se voltam agora para fora dos grandes centros, onde antes concentravam os seus investimentos, mas também estrangeiros que veem em Portugal um novo mercado de grande potencialidade e baixo risco. Neste perfil a PortugalRur tem investidores chineses, americanos e angolanos. Há, depois, uma grande fatia de mercado no espaço rural que é dominada por pequenas quintas, vivendas, e outras pequenas e médias propriedades. A procura de imóveis desta tipologia é transacionada por mercados como o francês, holandês, alemão ou belga.

Preços sobem de forma sustentada
Se os preços praticados têm subido significativamente nos últimos anos, sobretudo em Lisboa, Francisco Grácio assegura que preços das propriedades rurais premium têm vindo a subir de forma sustentada. “As elevadas margens de rentabilidade que têm permitem-nos dizer com segurança que ainda estão dentro dos valores de mercado. Nas restantes propriedades rurais não sentimos tanto essa inflação de preços, mas a procura está a intensificar-se de ano para ano”, garante.

O responsável admite ainda, que essencialmente, os investidores procuram margens de rentabilidade. Seja em espaço rural ou urbano. Há os que têm carteiras de investimento especializadas em urbano, outros em rural. Depois, há sempre um outro mercado de quem procura a compra de casa para residir ou de férias. Neste caso, mais urbano.

Portugal é rico em património capaz de responder à procura destes investidores, daí que Grácio garante que existe oferta suficiente para a procura. Em carteira têm mais de dois mil imóveis nos diversos segmentos. “O que sentimos que começa a escassear são imóveis com boas rentabilidades, como havia há cinco anos atrás. Mesmo assim, as margens de rentabilidade ainda conseguem seduzir uma grande quantidade de investidores nacionais e estrangeiros”.

Apesar da nova legislação a entrar em vigor em 2017 com o adicional de IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis, o responsável refere que isso não tem consequências relevantes nestes negócios. Reconhece que aumentos de impostos têm sempre impacto negativo em qualquer atividade. Neste caso, traz um aumento de encargos com imóvel, o que torna o investimento menos interessante. “Ainda assim, muitos dos investidores, particulares ou empresariais, são estrangeiros e têm nos seus países cargas fiscais ainda mais elevadas, o que, de alguma forma, pode servir para relativizar esse impacto negativo”, explica.
Apesar do seu cariz rural, a mediadora tem dado passos em direção ao imobiliário de luxo nas duas principais cidades portuguesas e daí ter aberto dois escritórios, um em Lisboa e outro no Porto. Os seus clientes assim o ditaram, já que além de investimentos rurais pretendiam também investir em centros urbanos. Uma decisão que resultaram também da análise de potencialidade destes mercados, como forma de crescimento da empresa.

Com 13 milhões de euros em propriedades transacionadas no primeiro semestre de 2016, Francisco Grácio está convencido que existe um mercado com um crescimento sustentado, pelo que as suas perspetivas, não apenas para 2017, mas para os próximos três anos são as melhores.

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