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Isabel dos Santos destituída da presidência da Cruz Vermelha de Angola

Comissão de gestão substitui Isabel dos Santos à frente da Cruz Vermelha de Angola. Contas bancárias foram bloqueadas e há auditorias à gestão de Santos.
Toby Melville/Reuters
7 Março 2018, 18h58

A empresária Isabel dos Santos foi destituída da presidência da Cruz Vermelha de Angola (CVA), num encontro nacional de funcionários e voluntários realizado a 27 de fevereiro, em Luanda.

A revelação é feita pelo site da Angola Voz da América (VOA) que dá conta que o encontro, ao abrigo dos estatutos da organização e da lei das associações, decorreu semanas após a queixa de 13 meses de salários em atraso apresentada ao Chefe de Estado, João Lourenço, enquanto presidente honorário.

Segundo esta agência de rádio internacional , funcionários e voluntários avançaram para a eleição de uma comissão de gestão, liderada por Baltazar Pedro, que conduzirá os destinos da Cruz Vermelha de Angola nos próximos seis meses.

“Até à realização de uma assembleia para que surja um novo corpo directivo, conforme o comunicado que fala das conclusões e recomendações, a antiga administradora da Sonangol e coadjutores, suspensos, ficam sob inquérito, à espera dos resultados de duas auditorias, uma interna e outra externa”, revela o site VOA.

É ainda avançado que a conta bancária da Cruz Vermelha de Angola vai ser bloqueada e cancelada, ainda antes da abertura de uma nova, já sob as rédeas da comissão de gestão.

Entre as 12 recomendações, está a inventariação de todos os bens móveis e imóveis, solicitada já pela Polícia Económica no início da investigação de indícios de fuga ao fisco através desta organização.

O site VOA acrescenta que não se conhece até agora qualquer reacção de Isabel dos Santos, que optou por não marcar presença no encontro de Luanda, apesar de convidada, à semelhança do seu secretário-geral, Walter Quifica, acusado de ter desviado mais 50 milhões de kwanzas (perto de 200 mil euros) disponibilizados pelo Ministério da Saúde para o pagamento de salários.

Suspeita de fuga ao fisco através da Cruz Vermelha de Angola

Em dezembro do ano passado, o site VOA revelou que a Justiça angolana tem curso um processo contra a empresária Isabel dos Santos, então presidente da Cruz Vermelha de Angola, por suspeita de fuga ao fisco na importação de bens que estarão ao serviço da sua operadora de telecomunicações, a Unitel.  Em causa estarão  prejuízos para o Estado angolano podem ascender a 30 milhões de dólares  (25,3 milhões de euros).

Segundo esta agência de rádio internacional, o processo contra Isabel dos Santos foi aberto pela Direcção Nacional da Polícia Económica, que passou para a tutela do Serviço de Investigação Criminal (SIC).  “O processo é assente em suspeitas de que a antiga administradora da Sonangol terá usado a Cruz Vermelha, que beneficia de isenção fiscal, para adquirir meios como viaturas, material informático e geradores para a sua empresa”, avança a VOA.

Trata-se do processo nº 269, ao abrigo do qual a Polícia Económica solicitou que as 18 delegações provinciais da Cruz Vermelha apresentassem um inventário dos bens – móveis e imóveis – que possuem,  acrescenta a VOA com base documentos que afirma ter na sua posse.

O site acrescenta que essas informações permitirão confrontar com o que chegou ao país em nome da CVA entre 2009 e 2016, segundo secretários provinciais, que questionam a não realização de assembleias para renovação de mandatos.

De acordo com as mesmas fontes, que optaram pelo anonimato, estas suspeitas, a par da crise de salários numa organização com papel relevante na assistência humanitária,” retirou credibilidade a Angola junto de parceiros internacionais, com realce para a Cruz Vermelha Internacional”.

 

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