A empresária Isabel dos Santos foi destituída da presidência da Cruz Vermelha de Angola (CVA), num encontro nacional de funcionários e voluntários realizado a 27 de fevereiro, em Luanda.
A revelação é feita pelo site da Angola Voz da América (VOA) que dá conta que o encontro, ao abrigo dos estatutos da organização e da lei das associações, decorreu semanas após a queixa de 13 meses de salários em atraso apresentada ao Chefe de Estado, João Lourenço, enquanto presidente honorário.
Segundo esta agência de rádio internacional , funcionários e voluntários avançaram para a eleição de uma comissão de gestão, liderada por Baltazar Pedro, que conduzirá os destinos da Cruz Vermelha de Angola nos próximos seis meses.
“Até à realização de uma assembleia para que surja um novo corpo directivo, conforme o comunicado que fala das conclusões e recomendações, a antiga administradora da Sonangol e coadjutores, suspensos, ficam sob inquérito, à espera dos resultados de duas auditorias, uma interna e outra externa”, revela o site VOA.
É ainda avançado que a conta bancária da Cruz Vermelha de Angola vai ser bloqueada e cancelada, ainda antes da abertura de uma nova, já sob as rédeas da comissão de gestão.
Entre as 12 recomendações, está a inventariação de todos os bens móveis e imóveis, solicitada já pela Polícia Económica no início da investigação de indícios de fuga ao fisco através desta organização.
O site VOA acrescenta que não se conhece até agora qualquer reacção de Isabel dos Santos, que optou por não marcar presença no encontro de Luanda, apesar de convidada, à semelhança do seu secretário-geral, Walter Quifica, acusado de ter desviado mais 50 milhões de kwanzas (perto de 200 mil euros) disponibilizados pelo Ministério da Saúde para o pagamento de salários.
Suspeita de fuga ao fisco através da Cruz Vermelha de Angola
Em dezembro do ano passado, o site VOA revelou que a Justiça angolana tem curso um processo contra a empresária Isabel dos Santos, então presidente da Cruz Vermelha de Angola, por suspeita de fuga ao fisco na importação de bens que estarão ao serviço da sua operadora de telecomunicações, a Unitel. Em causa estarão prejuízos para o Estado angolano podem ascender a 30 milhões de dólares (25,3 milhões de euros).
Segundo esta agência de rádio internacional, o processo contra Isabel dos Santos foi aberto pela Direcção Nacional da Polícia Económica, que passou para a tutela do Serviço de Investigação Criminal (SIC). “O processo é assente em suspeitas de que a antiga administradora da Sonangol terá usado a Cruz Vermelha, que beneficia de isenção fiscal, para adquirir meios como viaturas, material informático e geradores para a sua empresa”, avança a VOA.
Trata-se do processo nº 269, ao abrigo do qual a Polícia Económica solicitou que as 18 delegações provinciais da Cruz Vermelha apresentassem um inventário dos bens – móveis e imóveis – que possuem, acrescenta a VOA com base documentos que afirma ter na sua posse.
O site acrescenta que essas informações permitirão confrontar com o que chegou ao país em nome da CVA entre 2009 e 2016, segundo secretários provinciais, que questionam a não realização de assembleias para renovação de mandatos.
De acordo com as mesmas fontes, que optaram pelo anonimato, estas suspeitas, a par da crise de salários numa organização com papel relevante na assistência humanitária,” retirou credibilidade a Angola junto de parceiros internacionais, com realce para a Cruz Vermelha Internacional”.
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