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Macron quer refundação de uma Europa “soberana, unida e democrática”

Presidente francês acredita que o projeto europeu está “muito fraco, lento e ineficiente” e insiste que este deve ser relançado tendo por base seis pontos-chaves para a criar convergência e possibilitar a identificação de todos os Estados-membros.
26 Setembro 2017, 16h52

O presidente de França, Emmanuel Macron, afirmou esta terça-feira que quer promover “a refundação de uma Europa soberana, unida e democrática”. O líder francês acredita que o projeto europeu está “muito fraco, lento e ineficiente” e insiste que este deve ser relançado tendo por base seis pontos-chaves para a criar convergência e possibilitar a identificação de todos os Estados-membros, numa altura em que o Reino Unido negoceia a sua saída do bloco.

A primeira questão-chave apontada por Emmanuel Macron durante o seu discurso na Universidade de Sorbonne em Paris foi o terrorismo. O presidente francês sugere a criação de uma força de intervenção europeia comum, a criação de um orçamento de defesa comunitário e de um Ministério Público Europeu contra Crime e Terrorismo.

“A questão do terrorismo não se trata de um problema nacional, mas sim de um problema transversal a toda a União Europeia”, afirmou o centrista. “Falta uma cultura de estratégia comum. Eu proponho a colocação dos diferentes exércitos nacionais em todos os países europeus para trabalharmos em operações de apoio inteligentes”.

Emmanuel Macron insistiu também num maior controlo migratório, com a criação de um Gabinete Europeu de Asilo e uma Polícia Europeia das Fronteiras. O presidente francês quer ainda trabalhar com os restantes Estados-membros para que possam ser criadas políticas de integração dos imigrantes, sublinhando que este continua a ser um dos grandes desafios que a Europa enfrenta atualmente.

A questão do desenvolvimento é também uma das seis prioridades de Emmanuel Macron para retomar a soberania da União Europeia. O presidente sugere que seja criado um imposto sobre as transações financeiras, como o que já existe na França ou no Reino Unido e “estendê-lo a toda a Europa”. As apostas forte de Emmanuel Macron são os setores da educação, saúde e energia.

Emmanuel Macron quer ainda estar na vanguarda no que toca à transição ecológica. “A Europa deve liderar essa transição, transformando os transportes, as habitações e as indústrias”, afirmou, lembrando que as alterações climáticas são um “problema ameaçador” nos tempos atuais.

Para isso, o líder da segunda maior economia europeia diz que é preciso “dar um preço justo ao carbono”, criando um imposto sobre os gases poluentes e implementando um programa europeu para estimular a compra de carros ditos mais ‘limpos’. “Isso não vai acontecer num dia. Conheço a resistência de muitos, mas hoje vamos avançar com a medida”.

O líder francês quer ainda que a União Europeia crie uma agência europeia para a inovação. “Vamos criar dentro de dois anos uma agência europeia para a inovação. Queremos estar na posição de inovador e não de seguidor “, sustenta Emmanuel Macron, destando o potencial do desenvolvimento digital nos dias de hoje.

A sexta questão-chave de Macron reside no “poder industrial e monetário da União Europeia”. O chefe de Estado de França lembra que a redução do desemprego é “fundamental”, tendo em conta que este “atinge um em cada cinco jovens”. Para isso, defendeu, “é necessário um orçamento mais forte na zona euro” e a figura de um ministro das Finanças da Zona Euro, de forma a fazer da eurozona “uma potência económica concorrente da China e dos Estados Unidos”.

“Somos os herdeiros de duas guerras mundiais que poderiam ter-nos destruído. Mas juntos, fomos capazes de superar este teste, sem nunca esquecer as suas lições. A ideia [do projeto europeu] triunfou sobre as ruínas”, sustentou Emmanuel Macron, salientando que agora é hora de “retonar a Europa para si mesma e devolvê-la aos cidadãos europeus”.

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