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Marques Mendes diz que venda do Novo Banco tem de ser decidida esta semana

Marques Mendes “apurou” que é intenção do Governo reunir, em conjunto com o Banco de Portugal, com os partidos com assento parlamentar na próxima semana para os informar da evolução e resultado das negociações.
26 Março 2017, 22h31

Luís Marques Mendes, no seu comentário habitual na SIC alertou para o facto de esta ser a “semana do tudo ou nada” na venda do Novo Banco. “A decisão tem de ser tomada esta semana. O Governo tem de decidir até sexta-feira, dia 31, se vende ou não o banco à Lone Star”, afirmou. 

O comentador diz ainda que há um problema com Bruxelas: “A DG Comp exige que seja vendida a totalidade do capital do Novo Banco e não apenas 75% ao Lone Star”. 

Para Marques Mendes há três soluções possíveis: “Uma é Bruxelas bater o pé e voltar tudo à estaca zero; outra é o Estado recuar e vender 100%; eu acho que vai ser um meio termo que passa por ambos recuarem um pouco”, diz. Marques Mendes explica esta sua tese: O Estado, através do Fundo de Resolução, fica com 25% sem mandar e sem qualquer interferência na gestão, com ações sem direito a voto, ao mesmo tempo que Bruxelas impõe condições”.

Do ponto de vista político, Marques Mendes “apurou” que é intenção do Governo reunir, em conjunto com o Banco de Portugal, com os partidos com assento parlamentar na próxima semana para os informar da evolução e resultado das negociações. 

“Vai ser um caso muito polémico”, diz.

O Jornal Económico na edição em papel de sexta-feira noticiou em primeira-mão que Bruxelas estava a provocar um atraso no fecho da venda do Novo Banco porque está renitente em aceitar que uma entidade pública fique com 25% do banco de transição, e que inclusive já tinham sido abordadas condições que poderão ser transformadas em remédios para que a proposta da Lone Star seja aceite.

Sobre o Montepio Geral, outro caso da semana sobre o sector financeiro, Marques Mendes diz que não é um caso igual ao BES, porque o banco não tem financiamentos concedidos à Associação Mutualista que é dona do Montepio, ao contrário do que acontecia no BES ao GES.

“Depois, o Banco de Portugal tem estado muito ativo a exigir a separação entre a associação mutualista e o banco: Já fez a separação da gestão há mais de um ano; está a fazer a separação de produtos comercializados e agora até está a pensar mudar o nome do Montepio Geral para que não haja contágio [confusão]; e finalmente o Banco de Portugal exige que o Montepio passe a Sociedade Anónima, o que permite a entrada de novos acionistas em aumentos de capital que venham a ser necessários no futuro”, diz o comentador à SIC.

Défice de 2,1% é um bom resultado

“Um défice público de 2,1% em 2016 é um grande resultado”, diz Marques Mendes embora ressalve que não foi atingido “pelos métodos mais sustentáveis”, disse no seu comentário habitual na SIC.

“Do ponto vista financeiro é um grande resultado”, acrescenta, ao mesmo tempo que lembra que “sempre disse que o Governo ia alcançar o objectivo porque ia querer sair este ano do chamado Procedimento por Défices Excessivos”.  Portugal está há muitos anos na lista negra. “No mês de Maio, o mais tardar, Portugal sai do Procedimento por Défices Excessivos”, antecipa Marques Mendes.

“O Governo percebeu que tinha mesmo de cumprir as exigências de Bruxelas, que para ganhar autoridade tinha de ir um pouco mais além da meta. Usou todos os instrumentos ao seu alcance”, lembra. Marques Mendos salienta que os mesmos que criticaram o Governo anterior por ir além da troika são os mesmos que foram além das exigências europeias para o défice.

Marques Mendes abordou ainda o tema dos 60 anos do Tratado de Roma que deu origem à União Europeia fazendo um balanço positivo. “Foram 60 anos de paz, prosperidade e bem-estar”, diz.

“A Europa do futuro vai ser diferente porque será a várias velocidades e Portugal tem de estar no pelotão da frente, tem de acompanhar Espanha”. 

De passagem criticou a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, que disse que “é urgente preparar o país para a saída do euro”, pois, questiona Marques Mendes “o que seria de Portugal sem fundos estruturais?”.

Na sua intervenção destaque ainda para um comentário à lista da Forbes, dos mais ricos do mundo, onde figuram três portugueses: Américo Amorim, Alexandre Soares dos Santos e Belmiro de Azevedo.

Os primeiros lugares são sempre ocupados pelos norte-americanos, liderado por Bill Gates.

Marques Mendes, a propósito desse tema, citou uma conversa entre Otelo Saraiva de Carvalho depois do 25 de Abril e Olof Palme, então primeiro ministro da Suécia. A história remonta a 1975, o então general Otelo Saraiva de Carvalho foi de viagem oficial à Suécia, quando era comandante do COPCON.  Em conversa com o primeiro-ministro sueco, o social-democrata Olof Palme questionou Otelo sobre qual era o objectivo da Revolução? O general que protagonizou a revolução de 74 disse que “era acabar com os ricos” e o Primeiro-Ministro da Suécia respondeu que ali, o objectivo era o contrário: “acabar com os pobres”. Luís Marques Mendes recuperou esta história a propósito da lista da Forbes para no fundo apelar à necessidade de crescimento económico.

As desigualdades sociais estão a aumentar ou diminuir? Na Europa o modelo social ajudou ao esbatimento das desigualdades sociais sobretudo nos países mais ricos e contrapõe com os Estados Unidos, o país mais rico do mundo, que cria riqueza muito facilmente, mas que por não ter o mesmo modelo social europeu, tem enormes desigualdades sociais.

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