A 15 de outubro, o vice-presidente da Generalitat, Oriol Junqueras, publicou um documento onde explicita as razões pelas quais uma Catalunha independente seria viável a nível económico. Intitulado “A situação da economia num Estado Catalão” e com 13 páginas de texto, o artigo do responsável pela Economia e Finanças da (pelo menos, por enquanto) região autónoma espanhola contém dados errados. O jornal espanhol El País analisou o documento e resumimos aqui os principais pontos da discórdia, com excertos do documento do executivo:
Mentiras
O nível de autogoverno na Catalunha está entre os mais altos do mundo. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, na sua classificação de autonomia fiscal das administrações regionais e locais, atribui às comunidades autónomas 23,1% das receitas fiscais. A Suíça é único país onde as entidades regionais recebem mais do que em Espanha, com uma diferença de apenas um ponto percentual.
Os tratados do bloco europeu não expressam claramente o que aconteceria em caso de separação em um Estado-Membro. No entanto, em 2004, o então presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi, disse que “se um território deixar de ser parte desse Estado, ao converter-se num Estado independente, os tratados não podem voltar a ser aplicados a essa parte do território”. “Um país independente torna-se um país terceiro”, justificou.
O CaixaBank tem 39% do seu crédito e 37,8% dos seus depósitos na Catalunha, o que faz com que seja muito difícil que 70% dos ganhos sejam gerados na região.
Meias verdades
O Eurostat considera que o Produto Interno Bruto (PIB) da Catalunha é de 204.189 milhões de euros (2015), ou seja, significativamente mais baixo do que o da Dinamarca (271.786 milhões de euros) e da Irlanda (255.815 euros). Aproxima-se mais do da Finlândia, que está contabilizado em 209.511 milhões de euros.
O governo da Catalunha não referiu que as importações de bens são muito superiores às exportações – o deficit comercial era de 12.683 milhões de euros, no ano passado. O relatório também afirma que a Catalunha tem um excedente de bens e serviços de 12,1% do PIB graças ao setor de serviços, no qual se inclui o turismo, mas não existem dados que o confirmem.
Apesar de o abandono de mais de mil empresas da Catalunha não significar, a curto prazo, mudanças no número de trabalhadores ou nas receitas fiscais, a saída maciça tem efeitos significativos sobre a economia local, nomeadamente no que diz respeito à reputação e à consequente quebra no investimento estrangeiro.
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