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Noruega elimina plástico na costa em regime de voluntariado

A ideia de que em 2050 vai existir mais plástico do que peixes no oceano teve impacto na Noruega enquanto nação associada ao mar e as pessoas mobilizaram-se de forma impressionante para limpar as suas praias e repensar os seus próprios hábitos de consumo relacionados com o plástico.
3 Junho 2018, 13h30

Tudo começou quando uma baleia com o estômago cheio de sacos de plástico encalhou na costa oeste da Noruega, no ano passado.

Acompanhando a tendência mundial, a preocupação dos noruegueses com os plásticos nos oceanos aumentou bastante e gerou um novo conceito escandinavo para o mundo o ‘dugnad’.

Sem tradução para o português, o conceito “dugnad” pode ser explicado como o conceito norueguês para o trabalho voluntário realizado em conjunto.

“É um fenómeno comum na Noruega, e o ‘dugnad’ estende-se ao espírito dos noruegueses para trabalharem juntos na construção de uma comunidade melhor. É um hábito cultural profundamente enraizado e quando alguém decide morar na Noruega já sabe que vai participar no ‘dugnad’ anual, na escola, no condomínio, ou no clube desportivo. Ou seja, é um dever para com a comunidade e é levado muito a sério pelos noruegueses. O ‘dugnad’ é visto como um momento de diversão. Além disso, está sempre associada uma recompensa como um ‘waffle’ ou um ‘snack’,”, destaca um comunicado do NSC – Conselho Norueguês de Pesca.

Assim este ano, “no âmbito da ‘Coastal Clean-Up Week’ na Noruega, um em cada cinquenta noruegueses vasculhou o litoral equipado com sacos de lixo com a missão de proteger o recurso mais importante: o oceano”.

“O dia anual de limpeza costeira é o resultado de um dever intrínseco aos noruegueses de protecção da sua essência durante séculos. Sendo um povo de marinheiros e pescadores há milhares de anos, as águas frias cristalinas ao longo da costa, juntamente com os abundantes recursos provenientes do mar, são a principal razão pela qual as pessoas vivem na Noruega”, explica o referido comunicado.

“No ano passado quase 49.000 voluntários participaram na ação de limpeza ao longo da costa, rios e lagos”, afirma Lise Keilty Gulbransen, ‘managing director’ da Keep Norway Clean.

Este ano, inscreveram-se mais 75.000 voluntários, estabelecendo um novo recorde, revela o referido comunicado.

Segundo este documento, uma pesquisa recente conduzida pelo NSC – Norwegian Seafood Council também descobriu que os noruegueses estão sensibilizados para reduzir a utilização de plástico no seu quotidiano.

“Mais de metade reportou que reduziu ou parou de utilizar plástico descartável como palhinhas, sacos de plástico e evitam produtos com excesso de plástico dos seus cestos de compras”, salienta este comunicado.

“Penso que estamos a assistir a uma mudança real no mundo. Os noruegueses são dependentes dos mares. A ideia de que em 2050 vai existir mais plástico do que peixes no oceano teve impacto na Noruega enquanto nação associada ao mar e as pessoas mobilizaram-se de forma impressionante para limpar as suas praias e repensar os seus próprios hábitos de consumo relacionados com o plástico”, afirma Renate Larsen, ‘managing director’ do Norwegian Seafood Council.

Um estudo, conduzido pela TNS Kantar, perguntou a mais de mil entrevistados de que forma a recente atenção dos ‘media’ para os plásticos no oceano teve impacto no seu comportamento. Os resultados demonstram que as pessoas da faixa etária abaixo dos 30 são as que mais estão a mudar os seus comportamentos.

“Mais de 60% dos jovens com menos de 30 anos afirmam que fizeram mudanças nas suas vidas resultantes do aumento do foco no plástico nos oceanos”, afirma Renate Larsen.

O NSC – Conselho Norueguês de Pesca é uma organização representante dos exportadores de peixe da Noruega e que tem por principal objetivo promover o consumo dos melhores produtos do mar da Noruega.

“A combinação de inovações técnicas e da tradição pesqueira norueguesa, que pretende manter uma pesca sustentável, permite preservar as características únicas de espécies como o bacalhau e o salmão, muito apreciadas em Portugal”, destaca este comunicado, acrescentando que o NSC colabora com as autoridades norueguesas no sentido de proteger as espécies marinhas da zona ártica, a origem do peixe que alimenta a Europa.

 

 

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