Jorge Rosário Teixeira é considerado pelos pares um dos maiores especialistas em criminalidade económico-financeira. Não gosta de fazer pausas para descansar e trabalha uma média de 14 horas por dia. Mesmo assim, nunca deixou de ir para a rua acompanhar as buscas no terreno. Aliás, foram muitas as vezes, ao longo dos últimos anos, que desceu a pé os 300 metros que separam o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) da sede do Banco Espírito Santo para fazer buscas no banco, então liderado por Ricardo Salgado. Este magistrado do Ministério Público foi o responsável pela investigação da maioria dos casos ligados ao BES.
Em 2011, no âmbito do ciclo de conferências sobre ‘Ministério Público e o Combate à Corrupção’, realizado na reitoria da Universidade do Minho, em Braga, Rosário Teixeira começou por alertar “para a necessidade de coordenação de informação não só a nível penal, como nas jurisdições fiscal, cível e administrativa”.
“Investigar crimes de corrupção é lidar com acesso a uma informação, a qual está muito protegida, às vezes até tutelada legalmente”, explicou. Mais: “É extremamente importante alcançar um objectivo essencial para o sucesso nesta área de investigação: aceder de forma precoce à notícia do crime”. O magistrado afirmou ainda que “mais de 95% da informação para prevenção do branqueamento de capitais provém das entidades financeiras, porque é no sistema financeiro que essas operações suspeitas ocorrem”.
Rosário falou ainda dos bancos de fachada, das relações entre clientes e das operações exclusivamente em numerário, ou seja, mais difíceis de investigar. O procurador explicou na mesma conferência que “são os bancos que podem e devem realizar uma análise de risco sobre o seu cliente e a operação que lhes é proposta, isto é, entre o cliente que faz uma operação à distância e o que se apresenta ao balcão, assim como entre o que tem um negócio constante e o que tem um negócio ocasional”.
Casado e com um filho, Rosário Teixeira é bastante discreto, raramente dá entrevistas e gosta de estar afastado dos holofotes. Mesmo na PGR, os colegas sabem muito pouco sobre a vida privada do procurador. “E um ‘workaholic’ que dedica a vida ao trabalho. As reuniões eram muito formais, só para saber como estavam a decorrer os processos”, diz uma fonte próxima do magistrado.
O juiz dos poderosos
Já lhe chamaram “Mourinho da Justiça” ou o “Garzón português”. Carlos Alexandre, juiz de instrução criminal da Operação Marquês, está ainda ligado a outros casos de grande impacto público como o Caso Monte Branco, Operação Furacão ou Processo Face Oculta. Natural de Mação, é viciado em trabalho, não tem problemas com horários, e já chegou a estar quatro dias seguidos em interrogatórios – apenas interrompia as audições à noite.
Católico devoto, regressa às origens sempre que pode. Participa nas comemorações religiosas de Mação, onde nasceu, convive com os amigos, mas é também ali que gosta de se isolar aos fins-de-semana para estudar os casos mais complexos. Sportinguista assumido, o juiz, de 54 anos, é descrito como um homem que “raramente perde a calma”, “atento aos detalhes” e “objetivo”.
Casado e com dois filhos, começou a exercer em Felgueiras, passou por Oeiras, Sintra e Vila Franca, antes de chegar a juiz de instrução na Polícia Judiciária Militar e depois, em 2006, a juiz do “Ticão”, o tribunal criado para receber as instruções dos grandes processos de criminalidade económico-financeira.
Em dezembro do ano passado, o Conselho Superior da Magistratura decidiu arquivar um inquérito que tinha sido aberto na sequência de declarações proferidas por Carlos Alexandre numa entrevista à estação televisiva SIC. A abertura do inquérito surgiu na sequência de uma queixa do antigo primeiro-ministro José Sócrates.
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