O economista Olivier Blanchard reviu um polémico argumento que defendeu há dez anos, sobre a necessidade de Portugal cortar os salários nominais como uma medida fundamental para impulsionar a competitividade da economia portuguesa.
Num novo estudo sobre os desafios de crescimento da economia portuguesa, apresentado hoje na conferência “Portugal, From Here to Where?”, em Lisboa, o antigo economista-chefe do FMI explicou que as circunstâncias do país se alteraram e essa medida seria até “contraproducente”.
Por um lado, explicou, Portugal ganhou competitividade nos últimos anos, o que torna uma redução de salários desnecessária. Por outro, essa medida poderia levar à deflação e agravar o problema da dívida.
“A situação, contudo, é diferente hoje. Como vimos, o desequilíbrio externo é substancialmente menor, por isso a necessidade de tal ajustamento [salarial] é menor”, refere o estudo.
Numa entrevista conjunta com a imprensa portuguesa, o economista explicou ainda que a proposta de 2007, de fazer os cortes de salários através um acordo social tripartido, “seria praticamente impossível de alcançar”, embora “continue a pensar que conceptualmente seria uma boa ideia” na altura.
Agora poderia ter efeitos nocivos. “Os níveis de dívida são extremamente elevados e se reduzirmos salários e preços em 10%, pode-se fazer coisas ótimas na competitividade, mas a dívida pública e privada aumenta 10% também”, disse.
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