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Pode o Brexit ser “duro e caótico”? Sim, prevê cronista do Financial Times

Martin Wolf alerta empresas de que deverão estar preparadas para abandonar o mercado único europeu. E explica porquê.
13 Janeiro 2017, 17h02

A saída do Reino Unido da União Europeia vai significar também um abandono do mercado único, se a atitude da primeira-ministra britânica se mantiver. A opinião é do comentador económico do Financial Times, Martin Wolf, que acredita que as intenções de Theresa May não são “obscuras”, apesar os mercados cambiais mostrarem que os investidores pensam assim.

“Serão as intenções da primeira-ministra do Reino Unido em relação às negociações do Brexit obscuras? As voltas dos mercados cambiais sugerem que os investidores acreditam que são. Mas não é assim. Theresa May simplesmente não quer falar sobre as implicações”, explica Martin Wolf no artigo de opinião desta quinta-feira.

Wolf afirma que são conhecidas as linhas vermelhas da primeira-ministra, bem como as implicações associadas. Dois anos depois do início das negociações do Brexit, que começam em maio, o Reino Unido irá perder muito, senão todo, o acesso aos mercados da União Europeia, “quer May o admita ao mundo ou sequer a si própria ou não”.

“Podemos chamar a esse resultado um ‘Brexit duro’, independentemente do que ela quiser chamar-lhe”. Theresa May está empenhada em conseguir o melhor acordo possível para o Reino Unido no que diz respeito ao mercado único europeu. Mas o cronista acredita a saída vai acabar por ser dura e caótica. Até porque May e Angela Merkel estão a bater de frente em dois pontos em que nenhuma cede: imigração e as regras do Tribunal Europeu de Justiça.

“É, por isso, provável que o Reino Unido abandone o mercado único no fim das negociações, a menos que May provoque um volte-face. Ela não quereria isso e o partido dela não lhe permitiria fazê-lo. A opção do mercado único morreu, mesmo como um acordo tradicional”.

Apesar disso, Wolf acredita que há duas opções em cima da mesa. A primeira significa que o Reino Unido continue dentro da união aduaneira, de forma transitória ou permanentemente, enquanto a segunda seria um acordo setorial semelhante que permita a continuação do acordo de tarifa preferencial. “Teoricamente, isto é possível, mas é muito pouco provável que um acordo possa ser negociado dentro do tempo disponível”.

O cronista avisa ainda que é “inconcebível” que possa ser negociado um acordo a tempo de as empresas se poderem adaptar, pelo que aconselha que as empresas comecem a planear com base no pressuposto de que o Reino Unido vai abandonar o mercado único europeu. “Para onde o Reino Unido está a caminhar é claro. A questão é se um acordo de saída pode ser alcançado dentro dos dois anos ou se vai chocar e sair da UE sem um acordo”.

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