Durante décadas, EUA e Rússia estabeleceram mecanismos para evitar crises que escapem ao controlo de ambas as nações, desde linhas diretas de comunicação até satélites e aviões que permitam que cada nação siga o desenvolvimento militar da outra.
É exatamente esta “rede de segurança” que falta no caso do diferendo que atualmente opõe EUA e Coreia do norte. Por isso os peritos e analistas têm mais receio do que possa acontecer em caso de um dos lados interpretar de forma errada um acidente ou uma ação da parte contrária, temendo um conflito à escala global, ainda que nenhuma das partes queira, verdadeiramente, uma guerra.
As tensões aumentaram consideravelmente nos últimos dias, depois de a Coreia do Norte ameaçar Washington com uma “lição severa”, seguindo-se a promessa de “fogo e fúria” feita por Donald Trump a qualquer afronta do regime de Pyongyang à sua administração. As inesperadas declarações de Trump levaram a Coreia do Norte a afirmar ter quatro ogivas nucleares prontas para lançar sobre a ilha de Guam, território dos EUA no Pacífico.
Os peritos disseram que os canais de comunicação são limitados, o que dificulta o trabalho diplomático na tentativa de acalmar a tensão provocada pelos programas nuclear e de mísseis da Coreia do Norte.
“Há alguns canais de comunicação específicos e analógicos com a Coreia do Norte, mas nada que se tenha testado e possa suportar o stress da crise”, disse Jon Wolfsthal, assessor do ex-presidente Barack Obama.
Sem ajuda diplomática
A ausência de embaixadas retira da equação esse canal de comunicação, permanecendo como principal meio de intercâmbio de intenções e projetos, as representações das duas nações na ONU, as embaixadas em Pequim e as reuniões entre responsáveis militares em Panmunjom, a fronteira militar que divide a península coreana desde 1953.Washington passa também através da vizinha China e da inesperada Suécia, que faz a ponte entre os EUA e Pyongyang.
Chegou mesmo a existir um “telefone vermelho” entre Seul e Pyongyang, mas Kim Jong-Un cortou a linha em 2013, nunca mais querendo restabelecê-la, disse Gary Samore, ex-assessor da Casa Branca à Reuters.
A única comunicação existente é a social, o que pode não ser o melhor caminho. “Não se pode gerir esta crise através de tweets e de comunicados de imprensa”, declara Joseph Cirincione, presidente da Ploughshares Fund, um grupo que advoga o controlo de armas, referindo-se ao uso do Twitter por parte de Trump para anunciar decisões políticas.
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