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Portugal tem das maiores proporções na Europa de mulheres e jovens com contratos precários

Estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos revela, também, que as mulheres ganham sempre menos que os homens e que a diferença de salários se agrava ao longo da idade ativa.
28 Maio 2018, 10h07

As mulheres e os homens jovens em Portugal representam a maior proporção de contratos não permanentes e das mais elevadas no contexto europeu, ganhando cerca de metade do salário médio por hora na União Europeia a 27, segundo dados do estudo “Igualdade ao longo da vida”, da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

O estudo coordenado por Anália Torres, coordenadora do Centro Interdisciplinar de Estudos de Igualdade de Género da Universidade de Lisboa, apresentado esta segunda-feira, aponta que os trabalhadores portugueses ganham abaixo da média da União Europeia a 27, qualquer que seja a faixa etária, “sendo das e dos trabalhadoras/es mais mal pagas/os no cenário europeu”, mas mostra que o sexo feminino continua a ser mais penalizado, continuando a existir um forte diferencial salarial em desfavorecimento das mulheres.

“É importante frisar ainda as assimetrias de género que ocorrem logo nesta idade da vida [entre os 15-29 anos] em relação ao domínio do trabalho, com as mulheres em Portugal e na Europa a serem mais penalizadas do que os homens no que diz respeito à segurança dos vínculos laborais, às perspetivas de carreira profissional e à remuneração”, realçam os investigadores.

Em Portugal, na juventude, o maior sucesso escolar das raparigas “não encontra tradução prática imediata”, com uma taxa de emprego da população jovem masculina ligeiramente mais elevada do que entre as mulheres, em Portugal – eles com 40,9%, elas com 39,2%.

A disparidade salarial entre homens e mulheres é marcada ao longo de todas as fases da vida, acentua-se na fase tardia da vida activa e agrava-se no grupo de mulheres com mais de 60 anos. “As desvantagens de género ocorrem, assim, por diferentes vias – salários mais baixos, carreiras contributivas interrompidas”, conclui-se.

Mulheres portuguesas ganham menos 3,9 euros por hora do que as europeias

As mulheres portugueses são das trabalhadores mais penalizadas da União Europeia a 27, entre os 30 e os 40 anos, auferindo menos 3,9 euros por hora do que a média das mulheres europeias, enquanto os homens auferem menos 5,6 euros por hora. Quer em Portugal, quer nos restantes países europeus, o sexo feminino continua a auferir menos que os homens.

“Na fase de integração no mercado de trabalho, durante a juventude, as trabalhadoras e os trabalhadores em Portugal têm um salário médio/hora 5,3 euros inferior à média europeia. Na rush hour of life, período crítico em que mulheres e homens sofrem a dupla pressão das responsabilidades familiares e do investimento na carreira profissional, as mulheres portuguesas ganham menos 3,9 euros/hora do que a média europeia; os homens ganham menos 5,6 euros/hora do que a média dos salários/hora no contexto da UE a 27 países”, concluem os investigadores.

Verifica-se também que na fase tardia da vida, as trabalhadoras portuguesas ganham menos 4,9 euros por hora do que a média das mulheres na UE a 27 e os homens portugueses ganham menos cerca de sete euros por hora.

O estudo considerou três idades da vida – a infância e a juventude (até aos 29 anos), a rush hour of life (dos 30 aos 49 anos) e a fase tardia da vida ativa (dos 50 aos 65 anos) e colocou Portugal em perspetiva em relação aos restantes países europeus, entre 2000 e 2016.

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