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Processo político catalão está totalmente bloqueado

Com as duas partes intransigentemente em divergência, a única saída para o impasse é que os independentistas encontrem um nome que possa substituir o indigitado Carles Puigdemont.
Jon Nazca/Reuters
31 Janeiro 2018, 06h25

À intransigência do Tribunal Constitucional, o Parlamento da respondeu com mais intransigência: os juízes votaram por unanimidade que o presidente proposto pela mesa do Parlamento, Carles Puigdemont, não podia ser investido estando fisicamente ausente e o órgão que representa a Catalunha – e suspendeu a sessão – diz que não altera a proposta.

A situação na Catalunha está assim totalmente bloqueada e só há duas formas de quebrar o impasse: ou o Tribunal Constitucional levanta o bloqueio, ou surge outro nome para tomar o lugar de Puigdemont.

Ora, como por definição o Tribunal não pode voltar atrás – dado que seria o mesmo que reescrever a Constituição – a ú nica hipótese é a de as forças independentistas encontrarem um nome alternativo a Puigdemont.

E, para alguns analistas, esta hipótese não será tão descabida como pode parecer à primeira vista – e parece-o porque o presidente do Parlamento catalão, Roger Torrente, disse que se recusa a avançar com outro nome. A questão é que o seu partido, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), não parece ser todo da mesma opinião.

Ainda durante o fim-de-semana, Joan Tardà – um histórico da esquerda, que milita desde 1974 na causa independentista, ou seja, não é nenhum ‘paraquedista’ recentemente  chegado à política – declarou numa entrevista ao jornal “La Vanguardia” que “se necessário” será preciso “sacrificar Puigdemont para formar governo”.

Para Madrid, essa parece ser a única possibilidade plausível e aquela que o governo de Mariano Rajoy está mais disposto a aceitar – dado que a hipótese ‘Puigdemont’, o chefe do governo disse-o com todas as letras, é recusada em absoluto pelo executivo.

A hipótese de os JuntsxCat de Puigdemont e a ERC de Torrent entrar em rota de colisão não seria, por outro lado, nenhuma novidade. As duas formações políticas são ideologicamente quase opostas, e a vontade independentista é a única ‘argamassa’ que as mantém unidas. No passado, houve várias situações em que as cúpulas dos dois partidos divergiram e, segundo, os jornais espanhóis, a coligação que mantivera, ao longo do mandato de Puigdemont como presidente da autonomia (até ser suspenso por Rajoy) esteve longe de ser isenta de fricções.

Entretanto, o ex-presidente está em lenta combustão e a sua insistência em manter-se fora de portas bloqueando todo o processo político pode retirar-lhe aceitação popular – até porque, recorde-se, Puigdemont não ganhou as eleições de 21 de dezembro.

Para já, e segundo os analistas, este possível desentendimento entre os dois partidos pode ser a salvação da Catalunha – pelo menos no imediato: em relação à independência, logo se vê.

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