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Receitas do turismo não chegam para cobrir subida das importações no primeiro semestre

Excedente de quase 4 mil milhões de euros no turismo não foi suficiente para compensar o aumento de 14,2% registado nas importações até ao final de junho.
22 Agosto 2017, 07h45

O Banco de Portugal divulgou ontem os dados da balança de pagamentos, relativos ao final de junho, com o défice das balanças corrente e de capital a fixar-se nos 685 milhões de euros, quase o dobro dos 356 milhões registados no mesmo período de 2016. O que explica esta evolução é o facto de as importações aumentarem a um ritmo superior ao das exportações, apesar do ‘boom’ do turismo em Portugal, setor que registou um excedente de quase 4 mil milhões de euros.
Segundo o Banco de Portugal, até junho, a balança de bens e serviços registou um excedente de 713 milhões de euros, menos 412 milhões de euros do que no período homólogo. Mas o aumento do excedente da balança de serviços em 825 milhões de euros – devido ao bom momento do turismo – foi insuficiente para compensar o aumento do défice da balança de bens (balança de bens ou de mercadorias regista as exportações e as importações de mercadorias).
Ou seja, as importações aumentaram a um ritmo superior ao das exportações nos primeiros seis meses do ano, o que agravou em 1.236 milhões de euros a balança comercial de bens, e por isso o aumento registado nos serviços – com o turismo – foi insuficiente para compensar o aumento do gap entre exportações e importações.
Neste período, as exportações cresceram 12,6% (12,1% nos bens e 13,8% nos serviços) e as importações aumentaram 14,2% (14,7% nos bens e 12,2% nos serviços). Segundo o Boletim do Banco de Portugal, na rubrica “Viagens e turismo” o excedente aumentou 808 milhões de euros, fixando-se em 3,953 mil milhões de euros.
O défice da balança de rendimento primário aumentou 211 milhões de euros, situando-se em 3.034 milhões de euros. Este aumento do défice deveu-se à redução de subsídios recebidos da União Europeia e ao aumento do défice da balança de rendimentos de investimento (as restantes componentes da balança de rendimento primário tiveram evoluções que se compensaram entre si).
No primeiro semestre de 2017, o saldo da balança financeira registou uma redução dos ativos líquidos de Portugal sobre o exterior no valor de 193 milhões de euros. Esta redução é explicada essencialmente pelo aumento de passivos do setor das sociedades não financeiras, associado sobretudo a operações de investimento direto. Pelo contrário, os setores financeiro, das administrações públicas e dos particulares registaram um aumento dos ativos líquidos face ao exterior.
O que são as balanças corrente, de capital e financeira?
A balança corrente é uma das três balanças primárias que compõem a balança de pagamentos, juntamente com a balança de capital e a balança financeira. A balança corrente é assim composta pela balança de bens, a balança de serviços, a balança de rendimentos e a balança de transferências correntes. Portanto, esta balança inclui as transacções que têm um carácter regular com o resto do mundo como as exportações, as importações, os rendimentos dos factores produtivos e transferências unilaterais.
A balança de capital, por sua vez, regista as transferências de capital unilaterais, aquelas que não originam um fluxo de pagamentos de rendimentos em sentido oposto, entre residentes e não residentes.
Por fim a balança financeira é composta pela balanças de investimento directo, investimento de carteira, derivados financeiros, outros investimentos e activos de reserva. O que diferencia esta balança da balança de capital é o facto de tratar de activos financeiros.
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