O que representa esta eleição?
A região poderá agora recuperar o estatuto de autonomia perdido em outubro de 2017 com a tentativa de proclamação de independência liderada por Carles Puigdemont. Esta eleição põe fim a um impasse político de quase cinco meses após as eleições regionais de 21 de dezembro em que os partidos independentistas voltaram a ter uma maioria no parlamento da Catalunha.
Como foi eleito Quim Torra?
Quim Torra foi escolhido numa segunda votação por 66 votos dos votação por 66 votos dos dois grandes partidos independentistas, ‘Juntos Pela Catalunha’ (direita) e Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, socialista), tendo votado contra 65 deputados regionais dos Cidadãos (liberais), Partido Socialista da Catalunha (associado ao PSOE), Partido Popular (PP, direita), ‘En Comú-Podem’ (extrema-esquerda). A abstenção dos quatro deputados do pequeno partido independentista de extrema-esquerda ‘Candidatura de Unidade Popular’ (CUP) foi essencial na eleição de Quim Torra, que assim conseguiu ganhar por maioria relativa, depois de ter falhado a primeira votação no sábado em que precisava da maioria absoluta dos 135 deputados regionais.
Como surgiu esta possibilidade?
A 5 de maio, Carles Puigdemont reuniu um grupo do seu partido em Berlim e no final do encontro, disse que se mantinha como o primeiro candidato à investidura. Durante a semana, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) veio afirmar que, desta vez, não podia manter o apoio a Puigdemont, sob pena de nada se resolver. Puigdemont teve mesmo que abrir as portas a uma nova candidatura, mas, em vez de optar por Elsa Artadi, como previam os analistas, a sua escolha incidiu sobre Quim Torra, um recém-chegado à política, dado que é deputado pela primeira vez.
Quem é o novo presidente do governo catalão?
É uma das figuras menos conhecidas dos independentistas catalães, mas em 2015 dirigiu durante vários meses a poderosa associação cívica separatista Omnium Cultural. Este editor, de 55 anos, entrou na política em dezembro passado quando foi eleito deputado regional na lista “Juntos pela Catalunha” formada por Carles Puigdemont e tendo por base deputados que pertencem ao Partido Democrático e Europeu da Catalunha (PDeCAT, direita) e personalidades independentes.
O que esperar de Quim Torra?
No discurso que fez esta manhã, Quim Torra referiu que Carles Puigdemont é o presidente “legítimo” do governo regional da Catalunha e prometeu ser “leal ao mandato” para “construir um Estado independente em forma de República”. Quim Torra anunciou que irá criar um “conselho de Estado no exílio” com o ex-presidente regional Carles Puigdemont, que considera ser “o presidente legítimo” da Catalunha. O candidato também defendeu a criação de uma assembleia constituinte para escrever uma Constituição para a futura República catalã. O novo governo entrará em funções ainda esta semana.
Quais os efeitos provocados em Madrid?
O Governo espanhol, dirigido por Mariano Rajoy, já avisou que poderia a qualquer momento voltar a intervir na Catalunha se Quim Torra violar a Constituição. O porta-voz do executivo espanhol, Ínigo Méndez de Vigo, assegurou que Madrid não “terá dúvidas em voltar a atuar com firmeza” se se repetir a situação como aquela que levou à intervenção do Governo central na Catalunha.
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