O que espera Theresa May da visita de Trump?
Fundamentalmente uma ‘tábua de salvação’ que lhe permita manter-se à tona da governabilidade, por estes dias colocada em causa com a demissão do governo de duas das suas principais figuras, David Davis (negociador-chefe do Brexit) e Boris Johnson, ministro dos Negócios Estrangeiros.
Porque saíram estas duas figuras?
Por entenderem que o Brexit suave que Theresa May quer impor ao país o transforma numa espécie de colónia (palavra usada por Johnson por diversas vezes) da União Europeia.
Qual é o foco da visita?
Marcadamente económico. O principal ponto da agenda é um jantar de gala que decorrerá ao final da tarde desta quinta-feira no palácio de Blenheim, a 100 quilómetros de Londres, para o qual está convidada a nata do empresariado e das finanças britânicas. A intenção de Theresa May é que o seu país se torne no parceiro privilegiado dos Estados Unidos na Europa.
Os Estados Unidos têm esse entendimento?
Tudo indica que não. Ou a posição de Trump muda muito – e é bom não esquecer que as posições de Trump mudam muito – ou os Estados Unidos manterão, mesmo perante o Reino Unido, tradicional parceiro europeu, a mesma postura de protecionismo que tem caraterizado a diplomacia económica norte-americana nos últimos meses.
Porque é que Trump não vai a Londres?
Vai, mas apenas para pernoitar entre hoje e amanhã. Não há nenhuma explicação oficial, mas o certo é que ninguém duvida que seria em Londres que se fariam sentir com maior veemência as reticências de parte dos britânicos à visita de Trump. Mesmo assim, e dado que Londres não é propriamente uma cidade escura, talvez Trump tenha oportunidade de ser ver parodiado nos céus da cidade, transformado num balão de seis metros de altura que o representa como um bebé a segurar um telemóvel.
Porque é que a cidade permite semelhante afronta?
Porque o mayor da cidade se chama Sadiq Khan e é o primeiro muçulmano a dirigir uma capital da União Europeia (depois de vencer as eleições de 2016 com 44% dos votos, contra 35% do seu mais direto adversário. Quando Trump decidiu barrar a entrada dos cidadãos de vários países muçulmanos nos Estados Unidos apenas por serem isso mesmo, muçulmanos, Sadiq Khan insurgiu-se. E aparentemente não lhe perdoou.
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