Theresa May novamente em dificuldades internas para gerir o Brexit

A primeira-ministra britânica e alguns ministros expressaram “um forte desapontamento” face a uma série de novas derrotas no Parlamento sobre o projeto de saída da União Europeia, com conservador parlamentar ex-ministro da Defesa Liam Fox a acusar colegas de tentarem impedir o Brexit.

O governo britânico disse estar preocupado com algumas das emendas propostas pelo Parlamento, que arriscam amarrar as mãos do governo nas negociações com Bruxelas. A primeira-ministra e o ministro do Brexit, David Davis, afirmaram o governo seria “duro” com as alterações uma vez que que “é vital assegurar um Brexit suave que é do interesse de todos no Reino Unido”.

O governo sofreu mais três derrotas relativamente ao Brexit na Câmara dos Lordes – que agora terão de baixar à Câmara dos Comuns, elevando o total para nove as alterações aos planos iniciais, e Fox apelou aos deputados trabalhistas para não aceitarem essas alterações, o que sugere, segundo a imprensa britânica, que o governo está a apostar no apoio dos que, na oposição, sejam favoráveis aos Brexit.

A principal derrota do governo britânico foi uma emenda que permitiria ao Parlamento enviar ministros de volta à mesa de negociação se os deputados votassem contra o acordo proposto por Theresa May. No limite, a cláusula impediria a Grã-Bretanha de sair da União sem acordo parlamentar.

“Não temos uma maioria parlamentar e isso torna a vida mais difícil, mas há, é claro, um grande número de deputados trabalhistas que representam regiões com muito peso dos que são a favor de deixarmos a União…”, disse David Davis – como que apelando a que os Trabalhistas votem com o peso da geografia e não com as suas opiniões.

“O importante é manter as mãos do governo abertas nas negociações com Bruxelas”. Para a imprensa britânica, estas escaramuças entre apoiantes de detratores do Brexit pode ensombrar a posição dos britânicos em mais uma ronda de negociações que terá lugar esta semana.

Uma tentativa de emendar o projeto de lei para oferecer aos eleitores britânicos a hipótese de um referendo sobre o acordo final não passou, embora um parlamentar da bancada trabalhista, Philip Hunt, tenha ignorado as ordens do partido de se abster e votado a favor dessa alteração.