Centenas de apoiantes de Luiz Inácio Lula da Silva que dormiram acampados em frente à sede do Sindicato dos Metalúrgicos, na cidade brasileira de São Bernardo do Campo, prometem resistir se a polícia tentar prender o ex-Presidente.
A sede do Sindicato dos Metalúrgicos foi transformado num bunker desde o início da noite de quinta-feira, quando o juiz Sérgio Moro decretou a prisão de Lula da Silva, um dirigente histórico de uma das principais forças sindicais do país, decisivas no processo de transição democrática do Brasil.
“Eu vou apoiar ele até o final. Nos vamos resistir o máximo. Se for para enfrentar a polícia vai ter que enfrentar a esquerda, não só o Lula da Silva, mas toda a esquerda do Brasil”, disse à Lusa Welington Henrique Correa, 25 anos, porteiro e militante no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)
Desde o início da manhã, o local está cheio de militantes, que fazem discursos e gritam a favor do ex-Presidente.
Dois carros de som estão no local e o espaço é ocupado por oradores que discursam contra a prisão de Lula da Silva e acusam a justiça brasileira de ser parcial e de estar a atacar o dirigente histórico do Partido dos Trabalhadores.
São várias as palavras de ordem contra a polícia e contra a justiça, pontuadas por gritos “Lula Livre”.
O líder mais carismático da esquerda brasileira precisa entregar-se voluntariamente até 17:00 (21:00 Lisboa) de hoje, ou será conduzido contra a vontade por agentes da Polícia Federal à cadeia.
“Ele deve aguardar porque não cometeu crime nenhum e nós sabemos. O verdadeiro criminoso é o Michel Temer que até hoje não foi preso não o Lula”, acrescentou Welington Henrique Correa.
Patrícia Alexandra, 29 anos, é auxiliar de limpeza e dormiu em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos numa vigília em favor do ex-chefe de Estado brasileiro. Hoje, promete não sair enquanto o seu “Presidente” quiser que eles permaneçam.
“Cheguei aqui ontem a noite para apoiar o Lula. Estamos tentando lutar contra este golpe que estão dando na democracia. Ele não deve entregar-se porque não fez nada. Não há nenhuma provocação dele e estamos aqui lutando com ele”, disse a jovem, mostrando-se convicta de que está a lutar pelo lado certo contra a justiça brasileira.
“Vou tentar resistir sim, por mais que eles [polícias] venham nós vamos mostrar que não vamos entregar [Lula da Silva] de mão beijada”, concluiu.
A defesa de Lula da Silva tinha inicialmente apresentado um ‘habeas corpus’ junto do Supremo Tribunal Federal (STF) que foi recusado na quarta-feira pela maioria dos 11 juízes do tribunal.
O antigo chefe de Estado brasileiro foi condenado a 12 anos e um mês de prisão, em regime fechado, no Tribunal Regional da 4.ª Região (TRF4, segunda instância) em janeiro.
A prisão do ex-chefe de Estado está relacionada com um dos processos da Operação Lava Jato, o maior escândalo de corrupção do Brasil. Lula foi condenado por ter recebido um apartamento de luxo como suborno da construtora OAS em troca de favorecer contratos com a petrolífera estatal Petrobras.
A execução provisória da pena não deverá impedir juridicamente a candidatura presidencial de Lula da Silva, à frente nas sondagens para as eleições de outubro.
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