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“Vamos resistir”. Apoiantes de Lula prometem reagir se polícia forçar prisão

Sede do Sindicato dos Metalúrgicos foi transformado num bunker desde o início da noite de quinta-feira, quando o juiz Sérgio Moro decretou a prisão de Lula da Silva, um dirigente histórico de uma das principais forças sindicais do país, decisivas no processo de transição democrática do Brasil.
Luiz Inácio Lula da Silva, PT, 2003-2011
6 Abril 2018, 16h49

Centenas de apoiantes de Luiz Inácio Lula da Silva que dormiram acampados em frente à sede do Sindicato dos Metalúrgicos, na cidade brasileira de São Bernardo do Campo, prometem resistir se a polícia tentar prender o ex-Presidente.

A sede do Sindicato dos Metalúrgicos foi transformado num bunker desde o início da noite de quinta-feira, quando o juiz Sérgio Moro decretou a prisão de Lula da Silva, um dirigente histórico de uma das principais forças sindicais do país, decisivas no processo de transição democrática do Brasil.

“Eu vou apoiar ele até o final. Nos vamos resistir o máximo. Se for para enfrentar a polícia vai ter que enfrentar a esquerda, não só o Lula da Silva, mas toda a esquerda do Brasil”, disse à Lusa Welington Henrique Correa, 25 anos, porteiro e militante no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)

Desde o início da manhã, o local está cheio de militantes, que fazem discursos e gritam a favor do ex-Presidente.

Dois carros de som estão no local e o espaço é ocupado por oradores que discursam contra a prisão de Lula da Silva e acusam a justiça brasileira de ser parcial e de estar a atacar o dirigente histórico do Partido dos Trabalhadores.

São várias as palavras de ordem contra a polícia e contra a justiça, pontuadas por gritos “Lula Livre”.

O líder mais carismático da esquerda brasileira precisa entregar-se voluntariamente até 17:00 (21:00 Lisboa) de hoje, ou será conduzido contra a vontade por agentes da Polícia Federal à cadeia.

“Ele deve aguardar porque não cometeu crime nenhum e nós sabemos. O verdadeiro criminoso é o Michel Temer que até hoje não foi preso não o Lula”, acrescentou Welington Henrique Correa.

Patrícia Alexandra, 29 anos, é auxiliar de limpeza e dormiu em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos numa vigília em favor do ex-chefe de Estado brasileiro. Hoje, promete não sair enquanto o seu “Presidente” quiser que eles permaneçam.

“Cheguei aqui ontem a noite para apoiar o Lula. Estamos tentando lutar contra este golpe que estão dando na democracia. Ele não deve entregar-se porque não fez nada. Não há nenhuma provocação dele e estamos aqui lutando com ele”, disse a jovem, mostrando-se convicta de que está a lutar pelo lado certo contra a justiça brasileira.

“Vou tentar resistir sim, por mais que eles [polícias] venham nós vamos mostrar que não vamos entregar [Lula da Silva] de mão beijada”, concluiu.

A defesa de Lula da Silva tinha inicialmente apresentado um ‘habeas corpus’ junto do Supremo Tribunal Federal (STF) que foi recusado na quarta-feira pela maioria dos 11 juízes do tribunal.

O antigo chefe de Estado brasileiro foi condenado a 12 anos e um mês de prisão, em regime fechado, no Tribunal Regional da 4.ª Região (TRF4, segunda instância) em janeiro.

A prisão do ex-chefe de Estado está relacionada com um dos processos da Operação Lava Jato, o maior escândalo de corrupção do Brasil. Lula foi condenado por ter recebido um apartamento de luxo como suborno da construtora OAS em troca de favorecer contratos com a petrolífera estatal Petrobras.

A execução provisória da pena não deverá impedir juridicamente a candidatura presidencial de Lula da Silva, à frente nas sondagens para as eleições de outubro.

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