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“A Internet das Coisas já não é um conceito futurista”

Guru da IoT na EY, Aleksander Poniewierski, explica como é que a Internet das Coisas está a ser aplicada em múltiplas indústrias, com destaque para a manufatura.
8 Julho 2018, 12h00

A Internet das Coisas (IoT) já deixou de ser um conceito futurista para se “tornar numa realidade com potencial para impactar não apenas como vivemos, mas também como trabalhamos”. As palavras são de Aleksander Poniewierski, Global Leader de IoT na consultora EY, que esteve recentemente em Lisboa.

De uma forma mais sistematizada, a IoT é “uma rede de dispositivos físicos com eletrónica, software, atuadores e conectores de rede integrados que permite àqueles objetos conectar-se e trocar dados” e, por conseguinte, ter melhor informação para tomar as melhores decisões.

Já se conseguem identificar inúmeros casos de aplicação de IoT em múltiplas indústrias e setores, com destaque para o IoT industrial, aplicado à manufatura e às operações. Mas, está igualmente a ser utilizada na saúde, na agricultura, no retalho, entre outros setores.

Monetização do IoT

As empresas estão a começar a olhar para o IoT como um “ecossistema de valor”. Estão a surgir provas de conceito de soluções IoT e as startups com soluções IoT no seu portefólio estão a chamar a atenção.

Para Poniewierski, “os dados estão a transformar a economia digital”. E recorda, “historicamente, a monetização era entendida como o processo de conversão ou de criação de algo com valor legal. Atualmente, o termo é utilizado para representar fenómenos de negócio conectados que convertem ativos em receitas. Até certo ponto, a monetização de dados de IoT é o processo de gerar receitas adicionais sobre os ativos – dados de IoT – que estão a ser reunidos e utilizados por alguma outra razão de negócio primária”.

Os negócios e os modelos operacionais baseados em capacidades de IoT ainda são muito tradicionais e os benefícios antecipados têm-se focado principalmente em conseguir valor incremental (ilhas de valor) através do aumento da produtividade, da automação de processos ou da redução dos custos de manutenção. No entanto, cada vez mais decisores estão a tomar consciência do potencial disruptivo do IoT e deverão aumentar o seu atual fluxo de valor (ecossistemas de valor) e utilizar com mais eficiência os dados recolhidos”.

Mais preocupação com a privacidade e segurança

Poniewierski acrescenta que o processamento das redes irá passar para as extremidades (edge) devido à dispersão e ao consumo de energia, o que irá também obrigar ao redesenho de redes de comunicação, que devem tornar-se mais flexíveis.

“As preocupações com a privacidade, em particular na Europa”, serão igualmente um desafio, uma vez que as empresas vão evitar transferir dados em bruto para as cloud públicas, antecipando-se que as organizações aumentem a adoção de sistemas de processamento em rede nas extremidades.

O “guru” acrescenta que, de uma perspetiva de negócio, as tecnologias digitais disruptivas têm sido complementares e têm desempenhado funções únicas em várias partes da organização, mas, com o tempo, os líderes deverão procurar abordagens mais integradas na adoção da tecnologia e com indicadores de Retorno do Investimento

Entretanto prossegue a batalha dos standards, que é um entrave ao desenvolvimento do IoT. “O IoT não poderá vingar sem uma conectividade sem fios eficiente e acessível, interoperável e com standards comuns”, assinala Poniewierski. “Acreditamos que o 5G tem o potencial para ter um impacto assinalável no modo como os ecossistemas IoT do futuro serão desenhados, em especial em matéria de escalabilidade, latência, resiliência, segurança e ainda ao nível do controlo individual dos parâmetros de conectividade”.

Finalmente, Poniewierski aponta uma última tendência: a segurança e a privacidade têm sido as principais causas para os decisores se empenharem no desenvolvimento e implementação do IoT. Gradualmente, as empresas estão a reconhecer que as soluções necessárias para tornar seguros os sistemas de TI centrais não são suficientes para sistemas de IoT distribuídos, especialmente em aplicações que necessitam de elevados níveis de confiança”.

Aliás, as preocupações com a segurança e privacidade estão entre os principais fatores que impedem os decisores de se comprometerem com o desenvolvimento e implementação da IoT. “E estas preocupações são, normalmente resultado de falta de compreensão e do facto de o IoT ser um ecossistema de dispositivos e plataformas conectadas disponibilizados, tipicamente, por vários fabricantes. Tal resulta numa responsabilidade difusa da segurança ao mesmo tempo que é necessário adequar a resiliência de cada fornecedor de tecnologia a todos os níveis. Infelizmente, a segurança não esteve, até agora no topo das prioridades dos fabricantes. O resultado: “centenas de milhões de coisas vulneráveis ligadas à Internet à espera de serem atacadas”, concluiu.

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