IVA zero? “De forma desregrada é um erro económico”, diz especialista

O Governo decidiu avançar com IVA zero, através de negociação com o sector da distribuição, e o economista João Abel de Freitas considerou ao Jornal Económico que esta redução do IVA seria um erro, tal como aconteceu em Espanha.

“No meu entender, de forma desregrada é um erro económico na medida em que isso não vai trazer nenhuns benefícios para os consumidores. Será mais uma forma de aumentar, digamos, os excedentes na distribuição, sobretudo na grande distribuição”, disse ao JE o especialista.

João Abel de Freitas recorda que em Espanha, onde o governo isentou de IVA alguns alimentos, “não deu tão bom resultado porque os preços continuam a aumentar”. Aliás, o Banco de Espanha já previu que a inflação do preço dos alimentos continue a subir nos próximos meses e que atinja o nível recorde de 12,2% até ao fim de 2023.

O economista aponta que em França pensaram em seguir o mesmo caminho, mas depois escolheram outra hipótese, a de “negociar com a grande distribuição e definição do valor do cabaz depois”.

João Abel de Freitas insistiu que o que foi decidido “sem que se acompanhe todo o processo, a descida do IVA é um disparate na medida em que não traz benefícios aos consumidores e de algum modo fragiliza”. “As receitas do estado podem ser aplicadas de outra maneira”, destacou.

O ministro das Finanças anunciou esta sexta-feira que o IVA aplicado aos bens alimentares essenciais vai passar a ser 0%. “Estamos a trabalhar num acordo com os sectores da produção alimentar e distribuição alimentar para conseguirmos em conjunto dar uma resposta, que se traduza na redução do preço num cabaz de bens a definir”, explicou Fernando Medina.