[weglot_switcher]

Mais visitas e marcas brancas mas menos compras. Como os portugueses se comportam em tempos de crise

Para conseguir poupar algum dinheiro, as famílias portuguesas têm optado por comprar mais marcas brancas e escolhem as lojas de proximidade para conter os gastos e comprar unicamente o que precisam.
5 Abril 2023, 12h47

A inflação e a guerra na Ucrânia fizeram subir o custo de vida dos portugueses e também a conta do supermercado. Dado o aumento, as famílias tiveram de adotar estratégias para combater as despesas, optando por realizar menos compras perante o sentimento de crise económica, ainda que isso leve a que visitem mais vezes os supermercados.

Um estudo da Kantar analisado pela Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca (Centromarca) nota que os portugueses têm três momentos cruciais para prevenir maiores gastos do que aqueles que podem suportar no momento atual.

Para a Centromarca, o primeiro momento é a lista de compras. O estudo mostra que 60% dos portugueses faz uma lista antes de sair de casa para as compras, mais 4% do que ano passado, sendo o objetivo “controlar os gastos e diminuir as compras por impulso”. Simultaneamente, 69% dos portugueses prefere comprar em lojas que sejam próximas de casa ou do trabalho, evitando deslocações para grandes superfícies, onde têm uma maior oferta e mais oportunidade de gasto.

O segundo momento é já no supermercado, quando o consumidor escolhe os produtos que vai adicionar ao cesto. Embora os hipermercados ofereçam um maior leque de produtos, estes têm sido “os mais penalizados com a perda de volume de compras, ao contrário das lojas de sortido mais curto, que são menos penalizados em termos de quebra de volume por ato de compra e beneficiam de visitas mais frequentes por parte do consumidor”.

Já o cabaz nas lojas de sortido curto é composto por frutas, legumes, pão e pastelaria, enquanto nas grandes superfícies os consumidores optam mais pela carne, peixe, marisco, arroz ou café torrado. Convém lembrar que a maioria destes produtos está incluído na medida IVA 0% lançada pelo Governo.

Para Marta Santos, clientes anda analytics director da Kantar Portugal, quando empurrado pelas dificuldades financeiras devido ao aumento da inflação, o consumidor “voltou a repartir as suas compras por um número mais elevado de lojas e insígnias, sempre em busca das melhores oportunidades que permitam manter um perfil de consumo tão próximo quanto possível do habitual, mas limitado pelo impacto da inflação na sua carteira”.

Quando a escolha recai sobre o produto a adquirir, 56% dos portugueses nota que tem optado pelas marcas brancas com qualidade semelhante às dos grandes fabricantes, notando “um aumento cada vez maior da quota de mercado para estes produtos a par da crise inflacionista que se tem vindo a instalar no país”. Os produtos das insígnias de hipermercados contribuíram com mais de 50% para o crescimento do consumo de marcas próprias desde 2019.

O último momento do consumidor no supermercado é o check-out, em que o consumidor tem a oportunidade final para analisar a sua compra, o volume da mesma e a quantidade de categorias.

“A quebra do rendimento disponível das famílias está a gerar um triplo efeito negativo sobre o mercado: uma quebra das quantidades compradas, uma degradação de valor e qualidade dos produtos comprados e uma transferência muito acentuada da compra dos produtos de marca de fabricante para os das marcas próprias dos distribuidores e todos estes fenómenos estão em forte aceleração”, refere Pedro Pimentel, diretor-geral da Centromarca.

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.