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Inflações subjacentes na zona euro e Reino Unido devem selar novas subidas de juros em maio

Nas duas economias, a inflação core continua a preocupar e sem dar sinais de recuo, o que deve inclinar os decisores para novas subidas de juros em maio, de 50 pontos na zona euro e 25 pontos no Reino Unido.
19 Abril 2023, 18h00

As leituras definitivas da inflação em março na zona euro e Reino Unido foram conhecidas esta quarta-feira e, em ambos os casos, a persistência do indicador subjacente em alta deve ter selado nova subida de juros na próxima reunião de política monetária, naquele que poderá ser o pico do aperto das condições de financiamento em cada uma destas economias.

No caso europeu, a inflação foi confirmada em 6,9%, uma desaceleração significativa em relação aos 8,5% do mês anterior; no entanto, a taxa core voltou a subir, marcando nove meses seguidos sem recuos no subindicador.

Decompondo este valor, a Pantheon Macro denota que a pressão sobre os preços dos bens industriais não-energéticos aliviou 0,2 pontos percentuais (p.p.) para 6,6%, fruto de uma subida em cadeia de 2,3%, ou seja, “0,8 p.p. abaixo da média dos últimos anos para março”.

“Isto significa que o risco de a inflação subjacente nos bens saltar para 8% a 9% se dissipou”, projeta a análise da Pantheon.

Por outro lado, nos serviços a inflação subiu 0,3 p.p., chegando a 5,1% à boleia de um aumento de 0,6% em cadeia. A expectativa do think-tank britânico é que esta pressão se mantenha inalterada até agosto, penalizada por um efeito base decorrente das reduções nos transportes públicos o ano passado na Alemanha.

Já no Reino Unido, o indicador nominal manteve-se na casa das dezenas, recuando menos do que o esperado, de 10,4% para 10,1%, ao passo que a inflação subjacente se manteve em 6,2%, contrariando a expectativa de queda para 6,0%.

A firmeza do indicador subjacente em valores elevados é uma causa para preocupação junto dos responsáveis do Banco de Inglaterra (BoE), embora o banco ING sublinhe que a autoridade monetária “tem feito uma clara distinção entre inflação nos serviços e nos bens”, dando maior importância à primeira, “que costuma ser mais persistente”.

Assim, do lado dos serviços, a pressão nos preços tem estabilizado “depois de cair parte da volatilidade no início do ano”, com a vertente dos bens a permanecer mais rígida. Nos próximos meses, a expectativa é que este último subindicador comece a recuar “dadas as melhorias nas cadeias de abastecimento, custos intermédios mais baixos e rácios menores entre encomendas e inventários”.

Em ambas as economias, estes dados devem selar novas subidas de juro na próxima reunião de política monetária, a 4 de maio na zona euro e a 11 de maio para o Reino Unido. No caso europeu, a Pantheon aposta em 50 pontos base (p.b.), embora o mercado aponte para três subidas consecutivas de 25 p.b.; na economia britânica, a expectativa dos investidores é a mesma que para o bloco da moeda única, embora o ING classifique tal como “excessivo” e antecipando 25 p.b..

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